Escondo 1 milhão de latas de leite condensado no Alvorada, ironiza Bolsonaro
Reportagem do Metrópoles mostrou que, no último ano, todos os órgãos do Executivo federal pagaram, juntos, R$ 15 milhões no produto
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou nesta quarta-feira (27/1), em tom irônico, que esconde um milhão de latas de leite condensado no Palácio da Alvorada.
A declaração foi feita a apoiadores e faz referência à reportagem sobre as compras de produtos alimentícios efetuadas em 2020 por todos os órgãos do Executivo (leia mais abaixo), publicada pelo Metrópoles no último domingo (24/1).
No ano passado, o governo federal gastou R$ 15 milhões em leite condensado – dessa quantia, R$ 14,2 milhões foram destinados ao Ministério da Defesa e R$ 1 milhão, para a pasta da Justiça.
Aos simpatizantes, Bolsonaro disse que pretende fazer uma videoconferência com o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário, nesta quinta-feira (28/1), para explicar os gastos com leite condensado e chicletes.
“Fui chamado até de corrupto por causa disso. Eu tenho escondido aqui um milhão de latas de leite condensado aqui no Alvorada [risos]. Agora, uma sucessão de erros, de equívocos, levou a isso”, disse o presidente.
“Agora, a alimentação é comprada pelo governo – e não pelo presidente da República – para alimentar 370 mil homens do Exército, da Marinha, da Aeronáutica, tá? Gente do Ministério da Educação – que não são poucos –; hospitais universitários; gente lá no Ministério da Cidadania. É uma infinidade. São centenas de milhares de pessoas que a gente alimenta. Não é pra mim, não. Mesmo que eu tome aí 500 mil latas de leite condensado por hora, não daria o recado aí”, declarou Bolsonaro.
O que diz o levantamento
Conforme mostrou o levantamento do (M)Dados, núcleo de jornalismo de dados do Metrópoles, com base no Painel de Compras atualizado pelo Ministério da Economia, no último ano, todos os órgãos do Executivo pagaram, juntos, mais de R$ 1,8 bilhão em alimentos – um aumento de 20% em relação a 2019. Para a reportagem, foram considerados apenas os itens que somaram valores acima de R$ 1 milhão pagos.
Em 2020, os órgãos federais desembolaram R$ 15 milhões na compra de leite condensado, R$ 5 milhões com uvas passas e R$ 2 milhões em chicletes. Pizzas e refrigerantes também fizeram parte do cardápio do ano, com débito de R$ 32,7 milhões aos cofres da União.
Nas redes sociais, o assunto viralizou e ficou entre os mais comentados do Twitter nesta terça-feira (26/1).
Apesar dos inúmeros memes com o rosto do chefe do Executivo, os R$ 15 milhões gastos com o ingrediente, como diz a própria reportagem, referem-se ao uso de toda a administração federal. O brasileiro, no entanto, pegou carona no assunto e encheu as redes sociais de piadas.
Na esfera pública, também houve grande repercussão. Senadores e deputados protocolaram, nessa terça, uma representação no Tribunal de Contas da União (TCU) contra a Presidência da República. Os parlamentares querem que o órgão investigue os gastos do Executivo em alimentação.