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Escanteado por Bolsonaro, Mourão segue esperando decisão sobre chapa

O vice-presidente tem insistido que só decidirá futuro eleitoral após resposta do presidente sobre se voltará a ser parceiro de chapa

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Mourão e Bolsonaro durante agenda presidente jair bolsonaro Evento de lançamento do Programa Nacional de Crescimento Verde no Palácio do Planalto
1 de 1 Mourão e Bolsonaro durante agenda presidente jair bolsonaro Evento de lançamento do Programa Nacional de Crescimento Verde no Palácio do Planalto - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Entre altos e baixos, a relação do presidente Jair Bolsonaro (PL) com o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) chegou ao ano eleitoral ainda sem definição sobre o futuro da chapa. Em 2021, o chefe do Executivo federal expressou quatro vezes que não queria mais Mourão como companheiro nas urnas. O general, por outro lado, afirmou em ao menos nove ocasiões que esperaria o veredito do mandatário do país, por meio de uma conversa formal, antes de decidir se concorrerá a outro cargo em outubro.

Segundo falas de Mourão, ele trabalha com três opções: terminar o mandato ao lado do presidente Jair Bolsonaro e depois se aposentar da vida pública; desincompatibilizar-se do cargo seis meses antes do pleito para concorrer a uma vaga ao Senado; ou esperar uma sinalização do titular do Planalto para tornar a compor a chapa da reeleição.

De acordo com a lei, o vice-presidente pode se candidatar a outros cargos preservando seu mandato, desde que não assuma a Presidência interinamente nos seis meses anteriores à eleição, que ocorrerá em outubro deste ano.

Existe a possibilidade de Mourão se candidatar ao Senado Federal, ou pelo Rio Grande do Sul ou pelo Rio de Janeiro. Ele também chegou a cogitar concorrer a governador do RJ, quando seu nome apareceu entre os primeiros em uma pesquisa de opinião sobre o pleito fluminense. No entanto, para que a candidatura do general se torne possível, ele precisa de uma posição do presidente para que os trâmites eleitorais sejam feitos.

A opção de voltar a ser vice-presidente na chapa com Bolsonaro esbarra nos seguidos desentendimentos entre os dois, que começaram antes mesmo de 2019, quando tomaram posse. Até agosto de 2021, Bolsonaro já havia alfinetado o vice ao menos 17 vezes desde o começo do governo.

Até dezembro, o presidente deu mais sete declarações contra seu vice, terminando o ano de 2021 com 24 alfinetadas diretas ou indiretas a Mourão. Na última delas, o ex-capitão criticou a “autonomia” do general. Segundo Bolsonaro, o vice teria “vida própria”, e isso criaria problemas.

“Mourão tem vida própria, às vezes atrapalha e outras acerta, como eu e meu cunhado”, disse.

O relacionamento conturbado foi explicitado pelos contatos entre os dois. Segundo levantamento do Metrópoles, os encontros entre Bolsonaro e Mourão diminuíram 85% desde o início do mandato, em 2019.

Apesar de todas as negativas, alfinetadas e piadinhas de Bolsonaro, o general ainda não descartou seguir ao lado do presidente, caso ele deseje.

“O Mourão, por exemplo, eu acho que não está fechada a porteira para ele ainda. Agora, o Mourão não tem a vivência política. Praticamente zero. E depois de velho é mais difícil aprender as coisas. Mas no meu entender, seria um bom senador”, disse Bolsonaro, em 2021.

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Em três anos de governo, general do Exército e capitão reformado têm tido posições diferentes, o que não agrada o presidente Bolsonaro
Mourão foi a terceira opção para ser companheiro de chapa do ex-capitão. Inicialmente, Bolsonaro pensava em Janaína Paschoal e no “príncipe” Luiz Philippe de Orleans Bragança
A chapa foi eleita em 2018, mas a harmonia acabou rapidamente. A crise entre Bolsonaro e Mourão se arrasta desde o fim de janeiro de 2019, e o presidente já disse que não quer o atual vice em uma eventual disputa pela reeleição
Em 19 de dezembro, no entanto, Bolsonaro sinalizou um recuo e disse que pode escolher Mourão para repetir a chapa de 2018 no ano que vem
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Em três anos de governo, general do Exército e capitão reformado têm tido posições diferentes, o que não agrada o presidente Bolsonaro

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Mourão foi a terceira opção para ser companheiro de chapa do ex-capitão. Inicialmente, Bolsonaro pensava em Janaína Paschoal e no “príncipe” Luiz Philippe de Orleans Bragança

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A chapa foi eleita em 2018, mas a harmonia acabou rapidamente. A crise entre Bolsonaro e Mourão se arrasta desde o fim de janeiro de 2019, e o presidente já disse que não quer o atual vice em uma eventual disputa pela reeleição

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Em 19 de dezembro, no entanto, Bolsonaro sinalizou um recuo e disse que pode escolher Mourão para repetir a chapa de 2018 no ano que vem

Vice novamente x Senado Federal

Durante 2021, o mandatário do país demonstrou repetidamente que estava à procura de um “novo Mourão” para dividir a chapa em 2022. Em junho do ano passado, Bolsonaro opinou que o cargo de vice é “importantíssimo para agregar simpatias”, e deu a entender que o general não estava nem sendo considerado.

“Alguns falam que um bom vice ia ser de Minas Gerais, ou de um estado do Nordeste, ou uma mulher ou de perfil mais agregador pelo Brasil. Isso está no radar de qualquer candidatura majoritária no Brasil”, disse Bolsonaro em entrevista à Rádio Arapuan, quando foi questionado sobre a futura chapa. Mourão nasceu no Rio Grande do Sul.

Em entrevista à Jovem Pan, em setembro, o chefe do Executivo disse que Mourão não estava confirmado como vice para 2022. Mas não descartou.

“O Mourão não está fora, mas também não está confirmado. Muitos dizem que o melhor é que o vice seja de Minas Gerais ou Nordeste, mas além disso tem que agregar. Tem que ser um cara que não tem uma ambição da cadeira, porque não existe impeachment sem povo e sem vice. Então essa preocupação existe. Hoje tenho algumas pessoas no radar, mesmo sabendo que eu sou um cara difícil. […]”, disse Bolsonaro.

O cargo de vice-presidente da República é o primeiro de Mourão na política. Ele serviu como militar do Exército durante 46 anos e, após ir para a reserva, em 2018, foi convidado por Bolsonaro de última hora para compor a chapa. Ele se filiou ao Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), no qual está até hoje.

Em dezembro, durante entrevista numa praia onde passava férias, no litoral paulista, Bolsonaro foi questionado por apoiadores se Mourão seguiria como vice na chapa da reeleição e disse que ainda “estava avaliando”.

“O vice está aí. Mourão é o vice. A gente vai ver como é que fica no ano que vem. Tem pessoas que querem ser vice – normal. Eu vou escolher um vice, pode ser até o próprio Mourão. Mas um vice que agregue e tenha conhecimento de Brasil, que ajude”, declarou o presidente.

Durante todo esse processo, Mourão nunca reagiu aos ataques de Bolsonaro, e em diversas ocasiões expressou disposição para esperar o presidente tomar uma decisão.

Confira as vezes em que Mourão disse durante 2021, em público, que esperava uma decisão de Bolsonaro e cogitava aceitar voltar a ser companheiro de chapa do presidente:

  • 1/2021: Questionado sobre a possibilidade de concorrer contra Bolsonaro, Mourão diz que “em hipótese alguma” o faria. “Fui militar durante 46 anos da minha vida. Comandei tudo que você pudesse comandar. Então, a mosca azul não me pica aqui de jeito nenhum.” Completou dizendo que achava “difícil” que Bolsonaro o reconvoque a ser vice em sua chapa em 2022 e que, caso isso ocorra, teria de discutir com o presidente os termos da relação. “Depende. Teríamos de ter uma conversa”, ponderou.
  • 4/2021: Mourão afirma que o objetivo principal naquele momento era terminar o mandato e descansar. “Na realidade, hoje, a linha de ação número um é terminar o mandato e, a partir daí, retornar à minha vida, vamos dizer assim, de aposentado, que eu acho que eu já dei uma contribuição de 50 anos para nosso país. Acho que eu mereço um pouco de descanso”, sustentou.
  • 4/2021: O general sinaliza que a decisão de Bolsonaro está tomada para não tê-lo novamente como companheiro de chapa. “Bolsonaro vai escolher outra pessoa para acompanhá-lo para a reeleição. O que tenho visto [nas] declarações de Bolsonaro é que ele precisaria de outra pessoa no meu lugar. Mas ele nunca disse isso para mim”, opinou.
  • 5/2021: Mourão diz que “tudo indica” que Bolsonaro não o queria como vice, mas afirma também que “não morreria por isso”. “Eu continuo a ser general da reserva, a minha rede do posto 6 [no Rio de Janeiro] está pronta, me aguardando. Então, a vida continua”, salientou.
  • 8/2021: Mourão diz que a relação entre presidente e vice não é fácil, mas que ele [Bolsonaro] pode ficar tranquilo, graças à lealdade. “Não é uma relação simples, nunca foi, entre presidente e vice. […] O presidente sabe muito bem que ele conta comigo, minha lealdade acima de tudo.”
  • 9/2021: “Se ele [Bolsonaro] precisar de mim, ele sabe que conta comigo. Minha decisão será tomada em março”, assinalou o vice-presidente.
  • 11/2021: Mourão volta a descartar se transformar em oposição a Bolsonaro em 2022. “Dentro da minha ética, eu jamais poderia fazer isso, porque, em primeiro lugar, ia dividir parcela do grupo ao qual pertenço, que apoia o presidente Jair Bolsonaro. Se eu tivesse que concorrer a algum cargo, seria o Senado, seja pelo Rio Grande do Sul, meu estado natal, seja pelo Rio de Janeiro, e isso é a decisão que eu terei de tomar, após definir se vou continuar na política”, declarou.
  • 12/2021: O general cobra, mais uma vez, uma resposta de Bolsonaro: “Algumas vezes ele já deu uma sinalização que gostaria de outra pessoa, mas até hoje ele nunca chegou no meu olho e disse que seria outra pessoa”, contou Mourão durante o “Em Foco com Andréia Sadi”, na GloboNews.
  • 1/2022: Mourão coloca as necessidades políticas de Bolsonaro acima das próprias e diz que, “se o presidente precisar”, isso superaria “qualquer pretensão” que tenha, mas destaca que a indecisão é um problema. “Se por acaso o presidente não me convidar para continuar na chapa e eu definir que vou concorrer a algum outro cargo eletivo, tem uma injunção da legislação eleitoral, e cada vez que o presidente se afastar eu tenho que me afastar também. Isso é um problema, né? Então, eu tenho que pesar bem tudo que tem pela frente para tomar uma decisão”, disse.
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Cerimônia de posse do ministro da Cidadania e do ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República; e sanção da Lei da Autonomia do Banco Central
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