Ernesto Araújo diz que foi demitido após pressão do Senado
Ex-ministro negou que sua exoneração tenha sido motivada pelo atraso do Itamaraty em ingressar na negociação de compra de vacinas
atualizado
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O ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo afirmou, nesta terça-feira (18/5), que foi demitido do cargo de chanceler por pressão política. A afirmação foi feita em depoimento aos senadores da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid.
Questionado pelo relator do colegiado, senador Renan Calheiros (MDB-AL), sobre o que motivou o desligamento, Ernesto rechaçou que a demissão tenha sido provocada pelo atraso do Itamaraty em ingressar na negociação de compra de imunizantes contra o novo coronavírus.
“Certamente, não foi a questão de vacinas, como foi falado. O presidente [Jair Bolsonaro] me manifestou que havia dificuldades que poderiam atrapalhar o relacionamento com o Senado e, diante disso, pediu que colocasse à disposição o cargo”, justificou o chanceler.
O diplomata também foi indagado por Calheiros sobre a coordenação de ações da pasta no combate à pandemia. “Não acredito que [o governo federal] tenha definido um documento único. Orientações surgiram em diferentes momentos, e todas vieram do Ministério da Saúde. Não tenho conhecimento de um plano único. Houve diretrizes que foram sendo proporcionadas ao longo do tempo”, disse.
“Não recebi, diretamente, instruções do presidente, de maneira geral, sobre implementação dessa política. O fato de não ter havido um documento não quer dizer que foi de improviso. Houve uma estratégia definida pelo Ministério da Saúde, que foi apoiada pelo Itamaraty, quando necessário”, completou.
O ex-chanceler enfatizou que o “Itamaraty atuou por coordenação com o Ministério da Saúde”. “Não tenho conhecimento de algum momento que tenha acontecido isso [desalinhamentos com Bolsonaro]. Não tenho lembrança de nada que possa ser caracterizado como divergência entre o Itamaraty e o presidente da República.”