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Ernesto Araújo à CPI: “Jamais promovi atrito com a China”

Ex-ministro é questionado sobre condução da diplomacina brasileira durante a pandemia do novo coronavírus

atualizado

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Jefferson Rudy/Agência Senado
Ernesto Araújo na CPI da Covid
1 de 1 Ernesto Araújo na CPI da Covid - Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

A CPI da Covid ouve, nesta terça-feira (18/5), o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo. A sessão começou pouco antes das 9h30, com senadores à espera de explicações sobre a condução da diplomacia brasileira durante a pandemia, com foco na relação do Brasil com a China e nas negociações para compras de vacina.

Ao relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL), Araújo afirmou que jamais promoveu atrito com a China, “seja antes ou durante a pandemia”.

“De modo que os resultados que nós obtivemos na concepção de vacinas e em outros aspectos decorrem de uma política externa que não era de alinhamento automático com os Estados Unidos, multilateral ou de enfrentamento com a China”, explicou.

O ex-ministro de Jair Bolsonaro (sem partido) garantiu que não houve alinhamento do governo brasileiro com os Estados Unidos ou qualquer outro país. “Houve uma aproximação. Brasil só embarcou em iniciativas que fossem do governo brasileiro. Não temos nada contra o sistema multilateral, queremos que ele funcione”, continuou.

Ernesto Araújo, no entanto, já esteve envolvido em uma crise diplomática com o governo chinês após declarações do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub. O ex-chanceler chegou a emitir notas oficiais com críticas ao embaixador chinês no Brasil, Yang Wanming.

Em uma das ocasiões, Eduardo Bolsonaro culpou a China pelo coronavírus e foi duramente repreendido pelo diplomata chinês. Ernesto Araújo então defendeu o filho do presidente e disse ser “inaceitável que o embaixador da China endosse ou compartilhe postagem ofensiva ao chefe de Estado do Brasil e aos seus eleitores”.

Em um artigo publicado em blog pessoal, no ano passado, o ex-ministro chegou a dizer que, “não bastasse o coronavírus, precisamos enfrentar também o comunavírus”. Aos senadores, no entanto, Araújo negou que houve um ataque à China.

Spray nasal

O ex-ministro de Bolsonaro também deve ser questionado sobre a viagem a Israel para tratar de um possível acordo de cooperação entre o Brasil e a empresa que desenvolve um spray nasal contra a Covid-19.

A viagem, realizada em março deste ano, custou ao menos R$ 88,2 mil aos cofres públicos e não resultou em parceria, segundo o Ministério das Relações Exteriores informou à bancada do PSol na Câmara, que pediu explicações por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).

Araújo deixou o Itamaraty no fim de março deste ano, sob forte desaprovação de empresários e parlamentares. Entre as questões que levaram a tamanha rejeição, estão o alto teor ideológico da gestão do ex-ministro, a subserviência ao ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump e as reiteradas críticas à China, maior parceiro comercial brasileiro.

O país asiático é também o maior fornecedor de insumos para a produção de imunizantes no Brasil, por meio da parceria entre o laboratório chinês Sinovac e o Instituto Butantan, para a fórmula da Coronavac. A chegada dessa matéria-prima para fabricação de vacinas tem sofrido atrasos, e muitos atribuem essa dificuldade à relação estremecida do Brasil com a China.

Outros depoimentos

O depoimento de Pazuello está marcado para ocorrer nesta quarta-feira (19/5). A oitiva seria no último dia 5, mas, após ele alegar ter tido contato com dois servidores infectados pela Covid-19, foi adiada.

Na última semana, a Advocacia-Geral da União (AGU) entrou com habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) para garantir o direito de silêncio do ex-ministro. O ministro-relator Ricardo Lewandowski deferiu parcialmente o pedido — Pazuello pode se calar quando algo incriminá-lo, mas não deve se calar quando for perguntado sobre terceiros.

Na quinta-feira (20/5), a comissão ouve a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, conhecida como “Capitã Cloroquina”, que também ingressou com habeas corpus.

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