Ernesto Araujo: “Antidemocrático é trancafiar fatos históricos”
No Senado, o ministro das Relações Exteriores defendeu uma nova interpretação da história
atualizado
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Em audiência pública nesta quinta-feira (4/4), no Senado Federal, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, se defendeu das acusações de querer reescrever a história, ao afirmar que o nazismo foi um movimento de esquerda e não de extrema direita, como é classificado mundialmente. Para ele, são regimes totalitários que gostam de “trancafiar” a história e transformá-la em algo que não pode ser mudado.
“O que é antidemocrático é se trancafiar determinados fatos históricos debaixo de certas gavetas, certos rótulos e não voltar a discuti-los”, respondeu o ministro, aos questionamentos feitos pelos senadores sobre as afirmações em relação ao nazismo. “Quando se diz que há polêmica é por que alguma petrificação mental está sendo quebrada”, reforçou.
“O importante é discutir as realidades e não nomenclatura. O adjetivo que se usa para definir determinado regime eu acho que não importa. É importante que se tenha uma abertura para que se discuta a própria história, ela não é fechada. A história é algo que, mesmo estando no passado, está em permanente movimento”, disse o ministro.
Araújo também afirmou que o alinhamento da política externa com os Estados Unidos e com Israel não prejudica uma relação com os países árabes. “Achamos que isso é totalmente possível”, disse o ministro.
“Queremos estruturar nossa relação com qualquer país em benefício da nossa independência, autonomia e desenvolvimento. Seja com EUA, China, Israel ou países árabes”, observou o ministro, que atendeu ao convite para participar da comissão e explicar, entre outros pontos, a posição da política brasileira.
Para ele, a política externa do governo Jair Bolsonaro incomoda e, por isso, causa polêmica. “A intenção não é incomodar, incomodar é o resultado. O Brasil hoje incomoda e atrapalha o processo de destruição da Venezuela, atrapalha os países que protegem o regime [de Nicolás Maduro]”, disse.
Segundo ele, o país estava inserido em um mundo globalizado comparado a uma “geleia geral sem fronteiras”. “O Brasil não é a China, não é o Uruguai, não é os Estados Unidos. Parece óbvio, mas na nossa atuação vínhamos agindo como se fôssemos um país genérico. Abandonamos a relação com nossa própria identidade”, completou.