“Entendo que estejam chateados”, diz Bolsonaro a apoiadores em live
Apesar da insatisfação de apoiadores, o presidente afirmou que não tem “briga com nenhuma instituição” e que está “pronto para conversar”
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou, nesta quinta-feira (9/9), que entende a chateação de apoiadores “com certas coisas que acontecem no país”. O chefe do Executivo citou o recuo sobre os ataques contra o Supremo Tribunal Federal (STF), mas afirmou que “a briga não é com nenhuma instituição”. Ele ainda disse que está “pronto para conversar”.
“Eu sempre disse que ia jogar dentro das quatro linhas da Constituição. Alguns se irritam, querem que eu saia atirando, fechando as instituições, e entendo que estejam chateados”, falou.
Em live nesta quinta-feira (9) o presidente Jair Bolsonaro respondeu a apoiadores que costumam dizer que “o autorizam” durante manifestações:
“Muitos querem uma reação imediata do presidente. Aí, eu autorizo. Eu não vou sair das quatro linhas da constituição.” pic.twitter.com/rQiE7GBqsv
— Metrópoles (@Metropoles) September 9, 2021
O presidente disse que “tem dispositivos na Constituição que ele é contra”, mas respeita. “É pedir muito jogar dentro das quatro linhas?”, questionou.
“Comecei a preparar uma nota. Eu telefonei a Michel Temer. Ele veio a Brasília e colaborou com algumas coisas na nota e publiquei. Não tem nada aí. Eu estou pronto para conversar. Sei que todo mundo me criticou, mas eu sou chefe da nação”, completou.
“Queriam que eu respondesse o presidente do Supremo, Fux, que fez uma nota dura. Também usou da palavra o Arthur Lira [PP-AL], [presidente] da Câmara, o Augusto Aras, nosso procurador-geral da República. Alguns do meu lado aqui vieram até com o discurso pronto: ‘Tem que reagir, tem que bater’. Calma, amanhã a gente fala, deixa acalmar para amanhã”, disse o presidente.
“Não pediram para fechar nada”
Bolsonaro disse ainda que as manifestações do 7 de Setembro foram pacíficas e que os apoiadores “não pediram para fechar nada”.
“Querem democracia, querem que todos joguem dentro da Constituição, querem liberdade, querem que ninguém acorde com a Polícia Federal na porta de casa por causa de fake news”, afirmou.
As declarações foram dadas na live semanal, após desdobramentos das falas polêmicas dadas por ele durante os atos de 7 de Setembro.
O discurso de Bolsonaro repercutiu por dois dias e, nesta tarde, ele resolveu publicar uma carta à nação, na qual recuou sobre os ataques contra o STF.
Defesa do voto impresso
Bolsonaro voltou a defendeu a adoção do voto impresso nas próximas eleições.
O chefe do Executivo citou a comissão criada pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Roberto Barroso, para aprimorar o sistema de votação.
“Barroso, se está aperfeiçoando é porque tinha brecha”, cutucou Bolsonaro em sua live.
O mandatário usou como exemplo uma mulher que usa maquiagem porque, segundo ele, não “se sente tão bonita”.
“Barroso, as urnas são penetráveis. Entendeu, Barroso? As pessoas podem penetrar nelas”, declarou o presidente em seguida.
Carta pública
Na nota pública, Bolsonaro disse que, por vezes, fala “no calor do momento” e que não quis “agredir quaisquer dos Poderes”.
“Quero declarar que minhas palavras, por vezes contundentes, decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum”, diz o texto assinado por Bolsonaro.
O chefe do Executivo contou com a ajuda do ex-presidente Michel Temer para redigir a carta. Os dois se reuniram no Palácio do Planalto, durante a tarde, para discutir sobre os últimos acontecimentos. O emedebista é próximo do ministro Alexandre de Moraes, que tem sido alvo dos ataques de Bolsonaro.
Discurso polêmico no 7 de Setembro
Em meio às manifestações convocadas para o Dia da Independência, Bolsonaro discursou em Brasília e em São Paulo, e em ambos eventos atacou o Supremo. Primeiro, o presidente disse que o Judiciário “pode sofrer o que não queremos” e falou que um “ministro específico” está “destruindo a nação”.
Já na segunda manifestação, ele citou nominalmente o ministro Alexandre de Moraes, o chamando de “canalha”, e afirmando que não cumpriria decisões judiciais proferidas por ele.
As declarações renderam uma manifestação dura do presidente do STF, ministro Luix Fux, que afirmou que “ninguém fechará” a Corte.