Enquanto deputados debatem intervenção, Forças Armadas fecham rodovias
Informação foi dada pelo ministro da Defesa, Raul Jungmann, quem acompanha sessão na Câmara que deve autorizar intervenção no Rio de Janeiro
atualizado
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Ao chegar à Câmara dos Deputados para acompanhar a votação do decreto que coloca a Segurança Pública do Rio de Janeiro sob intervenção federal, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, concedeu entrevista e divulgou que, enquanto falava com a imprensa, simultaneamente era deflagrada uma operação no Rio de Janeiro. Na noite desta segunda-feira (19/2), Forças Armadas e Polícia Rodoviária Federal (PRF) estão bloqueando todas as rodovias de acesso ao estado, pontos críticos de acesso entre a rede federal e a estadual, e vias consideradas de grande incidência de roubos de cargas.
“Essa operação faz parte da Garantia da Lei e da Ordem (GLO), em vigência desde meados do ano passado”, explicou. Segundo Jungmann, há um planejamento anterior à intervenção, no escopo da GLO, que coordena ações entre Forças Armadas, polícias e Secretaria de Segurança Pública do Rio. “A operação dessa noite faz parte desse planejamento”, informou.
Segundo ele, há um efetivo de cerca de 3 mil homens – das Forças Armadas, Força Nacional e PRF – bloqueando as vias nesta segunda. “A operação vai varar a noite, continuar no próximo dia e também durante os outros. O principal objetivo é evitar o roubo de cargas, não permitir que haja o descaminho, o assalto, o tráfico de drogas e armas”, disse Jungmann. “Ela tem uma enorme amplitude porque fecha o Rio de Janeiro no que é relacionado a rodovias e a acesso”, acrescentou.
Raul Jungmann garantiu existir um orçamento de R$ 100 milhões destinado às ações de combate à violência no Rio de Janeiro. De acordo com o ministro, o presidente Michel Temer assegurou que não faltarão recursos para a intervenção ser bem-sucedida.
Jungmann também esclareceu sobre a necessidade de o governo federal pedir à Justiça carioca a emissão de mandados coletivos de busca, apreensão e captura, conforme pretendido pelo comandante do Exército, general Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, e anunciado pelo ministro mais cedo.“Esses mandados serão cumpridos pelas polícias, não pelas Forças Armadas, a partir de ordem judicial e com o acompanhamento do Ministério Público”, explicou. “A medida se faz necessária porque, muitas vezes, a inteligência toma conhecimento [de] que crime está sendo cometido em determinado lugar, mas não sabe exatamente qual casa. Então se solicita ao juiz que determinada área como um todo seja alvo de mandado coletivo, para o devido combate a esse ilícito”, ressaltou nesta noite.
Ele lembrou que o expediente dos mandados coletivos já foi usado anteriormente no Rio de Janeiro, inclusive durante a instalação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). “Se for necessário, não há nenhum problema em requerer à Justiça, porque é ela é quem terá a última palavra. Ninguém vai fazer nada que não passe pela Justiça e nem que não seja acompanhado pelo Ministério Público”, reiterou.
Ações da intervenção
O ministro aproveitou a presença da imprensa para esclarecer à população como se darão algumas das ações previstas durante o período de intervenção federal no Rio de Janeiro, que deve vigorar até 31 de dezembro. Segundo Raul Jungmann, as Forças Armadas podem ou não participar do policiamento ostensivo nas ruas cariocas.
“Isso depende de estratégia, não precisa acontecer. Se ele [o interventor] sentir essa necessidade, ele vai discutir no âmbito das Forças Armadas, e isso será submetido ao Estado Maior Conjunto, que vai dar o ok ou não”, afirmou. De acordo com o ministro, já está em curso o planejamento das operações militares e administrativas a serem realizadas.
“Está acontecendo neste instante e vai continuar. Paras questões políticas e administrativas, ele [o interventor] tem um prazo de 48 horas para fazer um diagnóstico e apresentar ao presidente da República suas decisões”, destacou.
Intervenção em outros estados
Jungmann afirmou que o governo não pretende estender o modelo da intervenção na Segurança Pública do Rio para outros Estados. Segundo ele, a situação do Estado “é diferente”. “O Rio de Janeiro nos preocupa para além do que nós estamos vendo em situações que também são difíceis, mas que não chegam à gravidade do Rio de Janeiro”, disse.
Segundo Jungmann, a criação do Ministério da Segurança Pública, anunciada pelo presidente Michel Temer no fim de semana, terá como objetivo ajudar outros Estados a superar os problemas na área. Questionado se o governo não cederia se outros Estados pedissem a mesma medida, o ministro afirmou que essa é uma decisão que caberá a Temer.
Colaborou Pedro Alves