Empresário diz ter pago propina a Eunício Oliveira na Suíça
Mariano Marcondes Ferraz afirma que contava com ajuda do congressista para obter contratos na Petrobras
atualizado
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Mariano Marcondes Ferraz, que tenta fechar acordo de colaboração premiada com o Ministério Público, afirmou ter pago propina ao ex-presidente do Senado Federal Eunício Oliveira (MDB-CE) em troca de obter contratos na Petrobras. As informações foram divulgadas pelo portal Uol.
Segundo Mariano, os pagamentos seriam feitos por meio de uma conta no exterior em nome do cunhado do empresário. O dinheiro teria como destino final o ex-parlamentar.
Por meio de nota, a assessoria de Eunício Oliveira refutou as acusações. “O ex-senador nega, veementemente, qualquer envolvimento com os relatos de 2002 feitos pelo delator, assim como tomará todas as medidas judiciais cabíveis”, diz o texto.
Nomeações
Nos depoimentos ao MP, o empresário relata que os acordos com Eunício teriam começado por volta de 2002 e 2003. Mariano Ferraz alega ter sugerido a indicação de dois funcionários para a Petrobras: Leonardo Goldenberg e Otávio Cintra. Os dois foram nomeados na BR Distribuidora.
“Os referidos funcionários [Gondelberg e Cintra] beneficiavam a Fonte Negócios, nos processos de compra de produtos pela Petrobras, acarretando o aumento do volume de vendas”, narra a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, no documento interno do Ministério Público número 8-/2019-GTLJ/PGR, obtido pelo Uol.
Em depoimento, Ferraz detalhou o caminho da corrupção: o dinheiro era depositado em uma conta do banco suíço UBS, em nome de seu cunhado Antônio Venâncio. “Mas o beneficiário final seria o então deputado federal Eunício Oliveira”, aponta Dodge na peça do MP.
Os repasses também teriam acontecido por meio de saques em espécie na agência Belletour, no Rio de Janeiro, com a ajuda de um doleiro.
Proteção
O empresário também acusa o ex-deputado Índio da Costa (PSD-RJ) de ter recebido dinheiro para protegê-lo durante a CPMI da Petrobras de 2014. O político, no entanto, não tinha mandato naquele ano.
“Índio da Costa afirmou que, embora não compusesse dita Comissão Parlamentar, gozava de prestígio e poder de influência no Congresso, de modo que poderia monitorar a CPMI e, se fosse necessário, intervir para evitar a convocação de Mariano [Ferraz]”, aponta Raquel Dodge.
Em 2014, fora da Câmara dos Deputados, Índio da Costa estava em campanha eleitoral e atuava como advogado.
Condenação
Ferraz foi condenado a 10 anos de prisão pelo então juiz Sergio Moro e denunciado novamente pela Operação Lava Jato. Ele é ex-executivo do grupo Trafigura, uma multinacional de comércio de petróleo.
Raque Dodge recebeu o pedido de colaboração premiada, mas mandou o processo de volta para a primeira instância. Para a procuradora-geral da República, não há políticos com foro privilegiado no caso ou fatos que tenham ocorrido durante o mandato deles. Assim, a ação retorna à força-tarefa da Lava Jato no Paraná.