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Empresa da família do amigo de Aécio fraudou doação ao PSDB, diz MP

Extratos bancários mostram movimentações de R$ 1,5 milhão das empresas para o diretório nacional do PSDB

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1 de 1 aecio neves senado - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

A Polícia Federal (PF) encontrou em um HD apreendido na construtora Wanmix, de propriedade de um amigo do senador Aécio Neves (PSDB-MG), extratos bancários que, para os investigadores, sugerem a dissimulação de doação de campanha ao PSDB, em 2014.

Os documentos mostram que, no dia 24 de junho daquele ano, a Conserva de Estradas recebeu um depósito de R$ 1,5 milhão do Consórcio Cowan Conserva. No mesmo dia, a empresa repassou a mesma quantia para o diretório nacional do PSDB.

As informações constam em uma petição enviada pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, ao ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), em 9 de abril. No documento, a PGR solicita que os extratos sejam anexados aos inquéritos nos quais o senador é investigado, entre eles, o que deu origem à denúncia analisada pela Primeira Turma do STF nesta terça-feira (17/4).

Os documentos foram apreendidos durante busca e apreensão vinculada ao inquérito em que Aécio é acusado de receber R$ 2 milhões da J&F. Para a Procuradoria-Geral da República, a “movimentação financeira realizada entre a Conserva de Estradas e o Consórcio Cowan Conserva pode indicar que esta última empresa estava dissimulando doação oficial ao PSDB em 2014 se valendo da primeira”.

Tanto a Conserva Estradas quanto o Consórcio Cowan Conserva pertencem à família Wanderley. O dono da Wanmix, onde foram encontrados os extratos, é Eduardo Wanderley, também integrante da família. Amigo próximo de Aécio, ele é sobrinho de Saulo Wanderley, dono da Cowan.

A Wanmix, por sua vez, é uma construtora mineira que forneceu concreto para a construção da Cidade Administrativa, obra mais cara da gestão de Aécio no governo de Minas Gerais. Custou R$ 2,1 bilhões e foi citada em delações premiadas como origem de repasses de propina para o tucano. A empresa também forneceu concreto para as usinas de Santo Antônio, Jirau e Belo Monte.

Eduardo Wanderley foi flagrado em conversa com o senador interceptada pela PF no âmbito da Operação Patmos – desdobramento do acordo de colaboração dos executivos do Grupo J&F.

“O Consórcio Cowan Conserva (que repassou o valor de R$ 1,5 milhão para a empresa Conserva Estrada, posteriormente depositado por esta em favor do PSDB) é formada pelas empresas Construtora Cowan e pela Conserva de Estradas. Todas as empresas mencionadas são pertencentes à mesma família”, afirma a PGR.

Na peça enviada ao Supremo, Raquel Dodge afirma: no diálogo interceptado entre Aécio e Eduardo, foi possível concluir que o senador se queixa do dono da Andrade Gutierrez, Sérgio Andrade. Segundo o parlamentar, em vez de conversar, o empresário resolveu se antecipar e procurar o Ministério Público Federal para narrar fatos relacionado à usina hidrelétrica de Santo Antônio que não fizeram parte do acordo de colaboração premiada de executivos da construtora com a PGR.

O diálogo foi um dos elementos utilizados pelo então procurador-geral da República Rodrigo Janot, antecessor de Raquel, para pedir a prisão do senador tucano. “Pelo diálogo acima transcrito com o interlocutor chamado Moreno, resta claro que o senador busca apoio junto ao seu interlocutor para obter informações sobre o conteúdo dessas colaborações, visando, evidentemente, evitar que os fatos na sua extensão devida sejam trazidos ao conhecimento do Ministério Público Federal”, escreveu Janot.

“Em fontes abertas foi possível constatar a ligação da empresa Wanmix com obras públicas com suspeitas de irregularidades e atualmente investigadas, dentre elas a construção da Cidade Administrativa de Minas Gerais e a construção das UHEs de Santo Antônio, Jirau e Belo Monte”, diz Raquel Dodge no despacho.

De acordo com a PF, o Relatório de Análise de Material Apreendido, feito com base nos extratos, “mostra também engajamento colaborativo do conglomerado da Wanmix para com o partido político de Aécio Neves”.

Defesas
Por meio de nota, a defesa do senador Aécio Neves afirmou que desconhece o assunto e não identificou irregularidade nos dados apresentados, “uma vez que a doação está devidamente declarada no TSE, como todas as outras doações feitas às campanhas do PSDB”.

A reportagem entrou em contato com o Consórcio Cowan Conserva, a construtora Wanmix e a Conserva de Estradas, mas não obteve respostas até a publicação desta matéria. O espaço está aberto para as manifestações.

A assessoria de comunicação do PSDB, por fim, informou que o partido não tem conhecimento do assunto.

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