Em vídeo, José Yunes confirma ter levado propina a Eliseu Padilha
“Pelo relacionamento que tenho, ele pediu essa gentileza para mim”, explicou o advogado, em depoimento gravado
atualizado
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Em depoimento, o advogado José Yunes confirmou ter recebido um pacote em seu escritório, em São Paulo, das mãos do doleiro Lúcio Funaro. No entanto, garantiu que não sabia que dentro do envelope estava R$ 1 milhão e que apenas aceitou por ser um favor ao ministro Eliseu Padilha. “Pelo relacionamento que tenho, ele (Padilha) pediu essa gentileza para mim”, disse Yunes.
No vídeo publicado pela revista Veja, gravado durante depoimento que o advogado, ex-assessor e amigo pessoal do presidente Michel Temer (PMDB) prestou à Procuradoria-Geral da República, em Brasília, Yunes mostra arrependimento pelo contato que teve com o doleiro.
“O que me deixou um pouco atemorizado foi depois que eu passei a saber quem é essa figura do Lúcio Funaro. É uma pessoa que jamais eu poderia ter qualquer convívio”, afirmou. Vale lembrar que o episódio provocou a demissão de José Yunes, em dezembro do ano passado. (Veja abaixo)
Segundo investigações da Lava-Jato, o R$ 1 milhão era apenas uma parte da propina de R$ 10 milhões que a Odebrecht repassou ao PMDB, em 2014, a pedido do então candidato Michel Temer.De acordo com o ex-diretor da Odebrecht, Cláudio Mello, em delação premiada, depois de um jantar com o então candidato a vice-presidente, Michel Temer, no Palácio do Jaburu, a empreiteira se comprometeu a “doar” R$ 10 milhões para a campanha do PMDB.
Parte do dinheiro, R$ 6 milhões, foram alocados para a campanha de Paulo Skaf, em São Paulo. O restante, R$ 4 milhões, foi pago via Eliseu Padilha, segundo o delator. Desse total, um milhão foi levado ao escritório de Yunes.
No depoimento, o ex-assessor contou ainda que, depois de todo o escândalo, Padilha não tocou no assunto que levou à sua demissão. “Eu estava esperando que ele tocasse (no assunto). Foi uma frustração pra mim. Foi como se nada tivesse acontecido. Saí de lá decepcionado”, disse Yunes.