Em tom de despedida, Ernesto Araújo alfineta senadora Kátia Abreu
Ministro das Relações Exteriores disse que assunto preferencial da senadora em encontro recente não eram vacinas, mas negociações sobre o 5G
atualizado
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Em meio à fritura política, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, tirou a tarde desta domingo (28/3) para desabafos no Twitter.
Em uma primeira publicação, agradeceu a todas as pessoas que manifestam apoio a ele e ao trabalho quem vem desempenhado na pasta.
“Agradeço a todos os que têm manifestado apoio a mim e ao meu trabalho”, diz Araújo citando uma estrofe do Hino da Independência.
Agradeço a todos os que têm manifestado apoio a mim e ao meu trabalho.
Como diz o Hino da Independência:
“Não temais ímpias falanges
Que apresentam face hostil.
Vossos peitos, vossos braços
São muralhas do Brasil.” pic.twitter.com/P7ODsQuyUu— Ernesto Araújo (@ernestofaraujo) March 28, 2021
Em seguida, partiu para o ataque, afirmando que, em encontro recente com a senadora Kátia Abreu (PP-TO), a parlamentar teria preferido falar sobre as negociações em torno do 5G do que a respeito das dificuldades diplomáticas enfrentadas com a China e a Índia para a importação dos insumos necessários à produção das vacinas contra Covid-19 no Brasil.
Segundo o diplomata, a parlamentar teria dado a entender que ele seria o “rei do Senado” ao fazer “um gesto em relação ao 5G”.
Em 4/3 recebi a Senadora Kátia Abreu para almoçar no MRE. Conversa cortês. Pouco ou nada falou de vacinas. No final, à mesa, disse:
“Ministro, se o senhor fizer um gesto em relação ao 5G, será o rei do Senado.”
Não fiz gesto algum.— Ernesto Araújo (@ernestofaraujo) March 28, 2021
Desconsiderei a sugestão inclusive porque o tema 5G depende do Ministério das Comunicações e do próprio Presidente da República, a quem compete a decisão última na matéria.
— Ernesto Araújo (@ernestofaraujo) March 28, 2021
O Metrópoles procurou a senadora Kátia Abreu para que ela comentasse a declaração, mas foi informado por sua assessoria que ela está em Tocantins.
Na quarta-feira (24/3), durante uma sessão remota do Senado Federal, os parlamentares pressionaram Araújo e cobraram sua saída imediata do cargo. Na avaliação dos senadores, o chanceler falhou ao lidar com as questões internacionais relativas ao enfrentamento da pandemia provocada pelo novo coronavírus.
Com a imagem extremamente desgastada na composição do governo federal, o chefe do Itamaraty ainda resiste à pressão feita para que renuncie ao cargo. Já existem, inclusive, nomes cotados pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para a substituição. A busca seria por um substituto com perfil menos ideológico e que tenha melhor receptividade no meio político.
Pressão interna
Em carta aberta publicada no sábado (27/3), um grupo de mais de 300 diplomatas pediu a saída do governo do atual ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e ainda acusou a atual política externa do Itamaraty de causar “graves prejuízos para as relações internacionais e a imagem do Brasil”.