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Em reunião, Bolsonaro “se retrata” com irmão de petista morto no PR

No Palácio do Planalto, presidente recebeu José Arruda, irmão do tesoureiro do PT Marcelo Arruda, morto em 9 de julho por um bolsonarista

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Jair Bolsonaro recebe irmão de petista assassinado
1 de 1 Jair Bolsonaro recebe irmão de petista assassinado - Foto: Clauber Cleber Caetano/PR

O presidente Jair Bolsonaro (PL) aproveitou a reunião desta quarta-feira (20/7) com José Arruda, irmão do tesoureiro do PT Marcelo Arruda, morto em 9 de julho por um bolsonarista, para se retratar com a família e voltar a lamentar o episódio.

O encontro, que ocorreu no Palácio do Planalto, durou meia hora, segundo a agenda oficial do chefe do Executivo federal, e foi intermediado pelo deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ). Foi a segunda vez que o presidente fala com a família do tesoureiro assassinato. Em 12 de julho, Bolsonaro conversou por telefone com dois irmãos de Arruda.

“Hoje estive por uma hora com o irmão daquele que faleceu em uma troca de tiros em Foz do Iguaçu, onde a imprensa tentou colocar no meu colo a responsabilidade por aquele episódio lamentável. Injustificável. Brigas existem mas como aquela não tem explicação. Do nada. Deixando um chefe de família morto. Não interessa a coloração partidária daquela pessoa”, disse Bolsonaro durante agenda religiosa após o encontro com José Arruda.

Ao fim da reunião, o familiar de Marcelo Arruda não quis falar com a imprensa. Segundo Otoni de Paula, o presidente aproveitou a ocasião para se retratar com a família por ter dito, dias antes, que o assassino teria recebido chutes de petistas no momento do crime.

“O presidente, inclusive, se desculpou por esse fato. Porque a primeira informação que ele tinha – errada – […] era de que aquele ato, o chute, depois, não foi um ato provocado por um petista, foi um ato de um amigo do Marcelo bolsonarista. E nessa reunião, então, o presidente se retratou com ele e reconheceu que aquela fala dele foi uma fala sem a devida informação verdadeira”, afirmou o parlamentar.

Relembre o caso

Marcelo Arruda foi morto em 9 de julho, durante sua festa de aniversário, que tinha como tema o PT, partido do pré-candidato Luiz Inácio Lula da Silva.

O atirador é o policial penal Jorge José da Rocha Guaranho. Ao abrir fogo contra o tesoureiro do PT, o policial, que é simpático ao presidente Jair Bolsonaro, foi baleado pela vítima, que também estava armada. Ele estava internado desde a data do crime e teve alta da UTI nessa terça-feira (19/7).

Preso preventivamente e sob custódia policial, ele foi indiciado por homicídio qualificado por motivo torpe e por colocar outras pessoas em risco.

Nesta quarta, o Ministério Público do Paraná apresentou uma denúncia contra Guaranho. A denúncia foi aceita pelo juiz Gustavo Germano Francisco Arguello. Na avaliação do MP, o bolsonarista agiu por motivo fútil, “decorrente de preferências político-partidárias antagônicas”. Com isso, Jorge Guaranho virou réu por homicídio duplamente qualificado.

Na semana passada, a Polícia Civil do Paraná concluiu que o assassinato de Marcelo Arruda não pode ser enquadrado, juridicamente, como crime de motivação política.

Discurso de ódio

Desde que o episódio ocorreu, Bolsonaro tem criticado opositores que o acusam de ter colaborado com o crime por meio da propagação de “discursos de ódio”.

Na última sexta-feira (15/7) o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu 48 horas para que o chefe do Executivo federal se manifeste sobre suposta disseminação de discursos que incitam o ódio no período eleitoral.

A determinação do ministro atendeu a uma ação protocolada na Justiça Eleitoral pelos partidos Rede, PCdoB, PSB, PV, PSol e Solidariedade, após a morte do petista em Foz do Iguaçu.

A decisão de Moraes também abriu um prazo de dois dias para que o Ministério Público Eleitoral se pronuncie. O ministro argumentou que é necessário ouvir o presidente, uma vez que a ação pede “relevantíssimas consequências” para Bolsonaro.

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