Em reunião, Bolsonaro e Mourão tentam se acertar sobre relação com a China
Apesar disso, segundo o vice-presidente, temas como vacina chinesa e leilão do 5G não foram abordados
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o vice-presidente, Hamilton Mourão, se reuniram na tarde desta quarta-feira (16/12), no gabinete presidencial, no Palácio do Planalto. Ao Metrópoles, Mourão afirmou que o encontro abordou a Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban), que tem o objetivo de incentivar o relacionamento bilateral entre Brasil e China.
Apesar disso, segundo Mourão, assuntos como a vacina produzida pela farmacêutica chinesa Sinovac, a Coronavac, e o leilão do 5G não foram tratados durante a conversa, que, de acordo com a agenda de Bolsonaro, durou 30 minutos.
Essa foi a primeira vez que Bolsonaro e Mourão se reuniram desde o fim de outubro. Em dois anos de governo, o capitão reformado do Exército e o general têm tido algumas posições diferentes, o que, segundo interlocutores, não tem agradado o chefe do Executivo.
Em outubro, por exemplo, após Bolsonaro dizer que o Brasil não compraria a vacina produzida pelo laboratório chinês Sinovac, Mourão foi na contramão.
“Lógico que vai” [comprar], respondeu o vice, afirmando que a polêmica sobre qual vacina adquirir se tratava apenas de uma “briga política” com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
Em novembro, após o vazamento de um estudo do Conselho Nacional da Amazônia Legal, do qual Mourão é presidente, Bolsonaro ameaçou demitir quem apresentasse a ideia, “a não ser que essa pessoa seja indemissível”.
No início deste mês, o vice-presidente afirmou que vê influência de “intrigas palacianas” no relacionamento com o presidente Jair Bolsonaro. De acordo com Mourão, há assessores na Presidência que “distorcem os fatos”.
“Muitas vezes a incompreensão de parte dos assessores do próprio presidente. Que procuram distorcer fatos e levar uma outra realidade em relação às ações que eu tenho procurado realizar”, declarou o vice.
Também em dezembro, durante uma cerimônia no Planalto, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que não trata de assuntos como a vacina contra a Covid-19 e o leilão do 5G sem antes o assunto passar pelos respectivos ministros da Saúde, Eduardo Pazuello, e das Comunicações, Fábio Faria.
Nos bastidores, a fala foi vista como uma clara “alfinetada”, já que a declaração de Bolsonaro ocorreu um dia depois de o vice-presidente, Hamilton Mourão, ter dito que os equipamentos da empresa chinesa Huawei estão em 40% das redes de 3G e 4G no país, e que o eventual banimento da companhia no 5G – algo que o presidente não esconde estar defendendo – vai encarecer os serviços para os consumidores.