Em reação a protestos com indígenas na Câmara, CCJ cancela reunião
Comissão votaria nesta terça-feira (22/6) o projeto que institui o Marco Temporal para a demarcação de terras indígenas
atualizado
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Em meio ao conflito entre policiais e indígenas, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara encerrou a sessão, nesta terça-feira (23/6), que votaria o PL 490/2007, que altera o Estatuto do Índio para instituir a tese do Marco Temporal. A tese reconhece o direito à terra somente de povos que ocupavam o território até a promulgação da Constituição de 1988.
“Amanhã, todo mundo vem junto. Eles vão ter que enfrentar vocês, os deputados e as deputadas”, disse a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), no meio dos indígenas. Segundo ela, a CCJ vai tentar votar o projeto de novo nesta quarta (23/6).
Deputados querem formar uma comissão para conversar com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para evitar futuras votações deste projeto. O deputado Aliel Machado (PSB-PR) disse que também vai procurar a presidente da CCJ, Bia Kicis (PSL-DF), para conversar sobre o tema.
A deputada Maria do Rosário (PT-RS) afirmou que o Supremo Tribunal Federal (STF) decide sobre terras indígenas na próxima semana, dia 30 de junho, mas a presidência da CCJ quer se antecipar sobre a questão.
Veja o post:
Dia 30, o STF decide sobre terras indígenas. A presidência da CcJC quer passar a boiada antes.
Colocou em risco servidores e o povo!
A Câmara deve ser mediadora, não acirrar confrontos.Irresponsabilidade política levou a ter um servidor ferido e indígenas tb feridos. Basta!
— Maria do Rosário (@mariadorosario) June 22, 2021
Um grupo de indígenas se manifestava em frente ao anexo 2 da Câmara dos Deputados, em Brasília, no início da tarde desta terça-feira (22/6), quando começou um confronto com policiais militares e da Polícia Legislativa.
De acordo com informações obtidas pelo Metrópoles, três agentes foram feridos – um policial legislativo e um militar, além de um profissional da área administrativa da Câmara – por flechadas. O integrante da Polícia Legislativa, Ricardo Miranda, foi levado pelo Corpo de Bombeiros do Distrito Federal para atendimento no Hospital Santa Lúcia, onde seria submetido a uma cirurgia para retirada de uma flecha alojada na perna.
O agente administrativo, atingido no tórax, também foi levado ao Santa Lúcia, e está fora de perigo.
A PMDF confirmou também ferimento no pé de um integrante da corporação. Ele foi atendido ainda na Câmara e passa bem.
Vídeos gravados no local mostram que a polícia usou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar o grupo. Dentro do anexo da Câmara dos Deputados, uma nuvem de fumaça cobria o espaço, impedindo que o grupo entrasse no local.