Em nova entrevista, Lula ataca Moro, Lava Jato, Bolsonaro e a TV Globo
Ex-presidente falou para Juca Kfouri e José Trajano, da TVT: “Construíram um processo de mentira, mas exageraram”
atualizado
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que cumpre pena na superintendência da Polícia Federal, em Curitiba (PR), condenado pela Lava Jato, concedeu entrevista aos jornalistas Juca Kfouri e José Trajano, da TVT, que foi ao ar na noite desta quinta-feira (13/06/2019). Foi sua primeira manifestação depois do episódio da troca de mensagens entre o então juiz Sergio Moro com o coordenador da força-tarefa da Lava Jato, procurador Deltan Dallagnol. Ambos foram alvo do petista, além da TV Globo e do presidente Jair Bolsonaro (PSL).
Sobre o atual ministro da Justiça e Segurança Pública, o ex-presidente não poupou adjetivos e foi incisivo: “Ele é um mentiroso”. Sobre Dallagnol, autor do famoso power point que apontou Lula como o comandante da corrupção da Petrobras, o petista disse que ele deveria ter siso preso ou destituído do cargo.
“Segundo Lula, a sentença que Moro lhe deu, imputando-lhe uma pena de nove anos e seis meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, não apresenta provas de nenhum crime. “Por que é que eu estou preso? Por fato indeterminado? Qual fato? Eles fizeram isso: ‘se não tem tu, vai tu mesmo'”.
O ex-presidente reiterou que Moro e a Lava Jato construíram um processo de mentira, mas exageraram. Para ele, o site The Intercept não fez nenhuma denúncia, apenas trouxe a verdade para a sociedade brasileira.
“Aos poucos as coisas vão acontecendo”, disse. “Engana-se quem pensa que foi o juiz [o cérebro da Lava Jato]. O Departamento de Justiça dos Estados Unidos o orientou. Ou por que teriam tanta pressa de pagar os acionistas americanos da Petrobras? Seu Dallagnol queria criar um fundinho com R$ 2,5 bilhões da empresa, no que eu chamo de Criança Esperança do Dallagnol. Mas se preparem, porque um dia o povo vai querer esse patrimônio de volta”.
Dando cabeçadas
Lula imagina que moro, depois das revelações do Intercept, deve estar “dando cabeçadas”. E que o coordenador da Lava Jato não pode avocar a Bíblia e Deus porque ele mente.
“Vou falar em nome da minha bisneta que tem dois anos: pode pegar a turma da força-tarefa da Lava jato, a turma de delegados que me investigou e fizeram inquéritos contra mim, pegar o Moro e enfiar todos eles no liquidificador, bater e quando você experimentar o suco não dá a honestidade do Lula”, colocou.
Clima de pânico
Já a emissora carioca, de acordo com Lula, criou num clima de pânico no país, colocando a sociedade contra o PT. Equação essa que levou Bolsonaro à Presidência da República. “Quando alguém está com medo, se aproxima do monstro pra buscar proteção”, disse. “Por isso que o Brasil pariu essa coisa chamada Bolsonaro. A Globo deveria ser mais séria”.
O presidente se mostrou atento às movimentações do Supremo Tribunal Federal (STF), que no próximo dia 25 julgará novo pedido de liberdade do ex-presidente, mas assegurou que não alimenta expectativas. “Só quero justiça. Peço a Deus que alguma instância leia meu processo, minha defesa”, destacou.
“Meu processo foi 100% político. Eu nem precisava de advogado. A Suprema Corte tem que ter coragem de ser a guardiã da Constituição e que recupera o padrão de confiança que não pode deixar de ter”, falou.
Antissistema
O presidente Bolsonaro também esteve na mira da metralhadora giratória do petista. Para ele, o capitão da reserva conseguiu se vender para uma “sociedade assustada” como o antissistema. E aproveitou para relembrar ao chefe do Executivo e ao seu ministro da Economia, Paulo Guedes: “Nós tínhamos acabado com a fome nesse país”.
Lula acusou Bolsonaro e Guedes de quererem economizar R$ 1 trilhão em 10 anos, com a reforma da Previdência, para pagar o sistema financeiro. “Guedes vai em Nova York e diz, na maior cara de pau, que quer vender o Palácio do Planalto. Só não vende a cadeira do Bolsonaro porque ninguém quer”, afirmou.