Em meio a impasse sobre voto impresso, Bolsonaro faz live de 5ª
Segundo jornal O Estado de S.Paulo, ministro da Defesa enviou recado ao presidente da Câmara, condicionando eleições ao voto auditável
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) realizou na noite desta quinta-feira (22/7) a sua costumeira transmissão ao vivo nas redes sociais.
Acompanhe:
A live ocorreu em meio às tensões em torno do voto impresso. Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, supostamente enviou recado ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), condicionando as eleições de 2022 ao voto impresso e auditável.
De acordo com a reportagem, o aviso teria sido dado por um interlocutor. Na ocasião, Braga Netto estaria acompanhado de chefes militares das Forças Armadas.
Em nota, o ministro da Defesa negou que tenha feito a ameaça. Braga Netto disse ainda que “as Forças Armadas atuam sempre e sempre atuarão dentro dos limites previstos na Constituição”.
República de banana
O vice-presidente Hamilton Mourão comentou o assunto e afirmou que é “lógico” que haverá eleições no Brasil no próximo ano.
“É lógico que vai ter eleição. Quem é que vai proibir eleição no Brasil? Por favor, gente, isso aí… Nós não somos República de banana”, disse Mourão.
Recentemente, Bolsonaro tem colocado o voto impresso como condição para legitimar o sistema eleitoral. O sistema atual – pelo qual o atual chefe do Executivo nacional foi eleito para consecutivos mandatos como deputado federal – e para presidente da República, em 2018 – tem urnas eletrônicas sem impressão dos votos e, segundo Bolsonaro, permite fraudes.
O presidente costuma dizer que teria vencido a eleição de 2018 no primeiro turno e já foi intimado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para apresentar provas do que alega.
PEC do voto impresso
Em maio deste ano, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), determinou que uma comissão especial fosse criada para discutir a PEC do voto impresso.
O colegiado é responsável por analisar o mérito do texto. Se aprovado, segue para votação no plenário da Câmara. A PEC é de autoria da deputada Bia Kicis (PSL-DF) e teve a constitucionalidade aprovada, em dezembro de 2019, pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa.
Por se tratar de uma PEC, o texto precisa do aval de 308 deputados, em dois turnos de votação. Se aprovado, vai para análise dos senadores.
A proposta prevê a inclusão de um artigo na Constituição Federal para que, “na votação e apuração de eleições, plebiscitos e referendos, seja obrigatória a expedição de cédulas físicas, conferíveis pelo eleitor, a serem depositadas em urnas indevassáveis, para fins de auditoria”.
Votação adiada
Na semana passada, para evitar uma derrota, a base do governo na Câmara conseguiu adiar a votação do parecer do relator da proposta, deputado Filipe Barros (PSL-SP).
O presidente da comissão, Paulo Eduardo Martins (PSC-PR), convocou nova reunião para 5 de agosto, ou seja, após o recesso parlamentar.
Numa manobra regimental, Martins argumentou que Barros pediu mais tempo para fazer modificações no texto, a pedido de outros deputados da comissão.