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Em meio à crise, Michel Temer afirma que é vítima de conspiração

O presidente apontou, contudo, que é estranha a divulgação dos fatos no momento em que a economia voltou a crescer e as reformas avançam

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1 de 1 Michael Melo/Metrópoles - Foto: Michael Melo/Metrópoles

O presidente Michel Temer disse nesta quinta-feira (18/5) a senadores que o visitaram pela manhã que é “vítima de uma conspiração”, por causa das acusações de que teria autorizado Joesley Batista, dono da JBS, a comprar o silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB). Sem apontar os autores do golpe, o chefe do Executivo nacional repetiu mais de uma vez que “está firme” no cargo e sentenciou: “Não vou cair!”.

O presidente apontou, contudo, que é estranha a divulgação dos fatos no momento em que a economia voltou a crescer e as reformas avançam no Congresso. As informações são da jornalista Andreza Matais, da Coluna do Estadão.

Temer não aparentou abatimento, segundo relatos. Foi o próprio presidente quem puxou o assunto em reunião com senadores. “Fomos lá para ter uma audiência e ele perguntou: ‘Vocês viram o que aconteceu?’”, relatou o senador Sérgio Petecão (PSD-AC).

Temer não mencionou o nome do senador Aécio Neves (PMDB), alvo da Operação Patmos, deflagrada pela Polícia Federal nesta quinta-feira (18/5), a partir da delação de Joesley Batista (dono do grupo J&F) — a mesma que atingiu fortemente o presidente.

“É uma conspiração”
A reunião foi agendada para tratar de liberação de emendas para o Acre. Os senadores se surpreenderam com a manutenção da agenda por Temer. “Fui lá já achando que não seria recebido”, disse Petecão. Temer recebeu os políticos sozinho, sem outros ministros, como de costume. Ao final, disse que iria analisar “com carinho” a demanda apresentada. E voltou a repetir: “É uma conspiração. Não vou cair!”.

Joesley Batista gravou conversa com o presidente Temer e apresentou como prova em sua delação premiada. Segundo investigadores, ele pediu ajuda para uma demanda da sua empresa e Temer recomendou que procurasse o deputado Rocha Loures (PMDB-PR) em seu nome para tratar do assunto. Loures pediu propina ao empresário para resolver a demanda repassada por Temer e foi filmado recebendo R$ 500 mil, primeira parcela do acerto.

Na mesma conversa, Joesley contou ao presidente sobre pagamento de mesada para o ex-presidente da Câmara e deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB) e o operador Lucio Funaro, ambos presos pela Lava Jato, para que eles não fizessem delação premiada. Temer ouviu o relato do crime e pediu ao empresário, segundo investigadores, que mantivesse os pagamentos mensais.

Na noite de quarta-feira (17), Temer teria dito a um grupo de deputados que ouviu o relato de Joesley sobre a mesada e não se opôs. Justificou que pensou se tratar de uma ajuda humanitária. Em meio ao escândalo do dia, Temer cancelou o restante da agenda.

Operação Patmos
A Polícia Federal e o Ministério Público Federal deflagraram nesta quinta-feira a Operação Patmos, no âmbito da Lava Jato, em Brasília, Belo Horizonte e no Rio de Janeiro. O alvo é o senador Aécio Neves; a irmã dele, Andrea Neves; e Altair Alves, considerado braço direito do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB).

Andrea Neves foi presa nesta manhã. Além dela, foram presos Frederico Pacheco de Medeiros, o Fred, primo de Aécio; e Mendherson Souza Lima, assessor de Zezé Perrella. Também foram alvos de mandados de prisão Roberta Funaro, irmã do operador de Cunha, o procurador da República Angelo Goulart e o advogado Willer Tomaz. Outro alvo é Altair Alves, considerado braço direito de Cunha.

A ação tem autorização do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou os afastamentos do tucano do mandato de senador e de Rocha Loures (PMDB-PR) do de deputado federal.

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