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Em gravação, Mercadante diz que Delcídio livrou Lula e Lulinha de CPI

Segundo a delação premiada do senador, o ministro recriminou o comportamento do PT na prisão do ex-líder do governo no Senado

atualizado

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1 de 1 mercadante-800 - Foto: Lula Marques/ Agência PT

Em delação premiada, o senador Delcídio Amaral (PT-MS) relatou que seu assessor Eduardo Marzagão gravou conversa em que o ministro da Educação, Aloísio Mercadante, recriminou o comportamento do PT no episódio da prisão do ex-líder do governo, em 25 de novembro de 2015.

Segundo Delcídio, o ministro disse a Marzagão que era “ato de covardia” a nota divulgada pelo partido na ocasião em que ele foi preso por tentar barrar a Lava Jato.

“Aloísio Mercadante acrescentou que tal ato era ainda mais grave em razão de várias ‘broncas’ que o depoente havia segurado, dando como exemplo a retirada dos nomes do ex-presidente Lula, e de seu filho Lulinha (Fábio Luís Lula da Silva), do relatório final da CPI dos Correios, o que foi feito, inclusive, com o apoio de parlamentares da oposição”, declarou o senador.

Delcídio afirmou que Mercadante “ainda durante as conversas mantidas com Eduardo Marzagão e ao tocar no assunto da CPI dos Correios, recordou que o depoente tornara-se persona non grata no PT pela sua atuação naquela Comissão Parlamentar de Inquérito, bem como afirmou que fizeram ao depoente uma covardia por ocasião de sua prisão”.

“Tal ato de covardia”, segundo a declaração, foi representado, particularmente, pela nota emitida pelo presidente do PT, Rui Falcão.”

STF
O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse estar “perplexo” com a acusação de que o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, teria tentado evitar que o senador Delcídio Amaral (PT-MS) fechasse o acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República.

“Estamos todos perplexos. Claro que se trata da palavra de um investigado, o valor é relativo, mas a delação revela indícios e esses indícios podem ter materialidade. Temos que aguardar”, disse.

Questionado se o conteúdo da delação, que mostra uma tentativa de interferência nas investigações da Operação Lava Jato, seriam suficientes para mandar prender o ministro da Educação, Marco Aurélio disse que essa era uma decisão que caberia ao ministro Teori Zavascki, relator do caso no Supremo. “É hora de atuarmos com serenidade e temperança, apurando para que, selada a culpa, prender, para não inverter a ordem natural. A ninguém interessa, a essa altura, incendiar o Brasil”, disse.

Em sua delação, Delcídio afirmou que Mercadante prometeu dinheiro e lobby junto a ministros do Supremo para que o senador deixasse a prisão. A proposta foi feita a um assessor do senador, que gravou os encontros e entregou ao petista, que na época estava preso.

O principal motivo que levou o STF mandar prender Delcídio em novembro do ano passado foi justamente o fato de ele tentar interferir nos rumos da Lava Jato. Na época, o filho do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, Bernardo, apresentou uma gravação na qual o parlamentar falava sobre um plano de fuga para seu pai e uma ajuda financeira que foi entendida como uma intenção de Delcídio em atrapalhar o acordo de delação premiada que Cerveró negociava com a Procuradoria-Geral da República.

Lula
Marco Aurélio também voltou a comentar a possibilidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumir um ministério no governo da presidente Dilma Rousseff. O ministro disse que não via a atitude somente como uma maneira de obter foro privilegiado. “Não vejo como uma fuga ao juiz Sérgio Moro. Ele não é único juiz do País. Eu vejo o deslocamento como uma tábua de salvação para a presidente Dilma”, disse.

Para ele, Lula tem uma “penetração maior” do que Dilma no Congresso, que “não tem penetração alguma”. O ministro também afirmou que o ex-presidente só aceitaria um cargo se fosse para realmente mudar os rumos do governo. “Não creio que ele aceite se não for para dar a diretriz a ser seguida, principalmente no campo econômico e financeiro”, disse.

Mais cedo, em entrevista à Rádio Estadão, Marco Aurélio havia afirmado que não era correta qualquer suposição de que a Corte seria “benévola” com Lula, caso venha a ser julgado pelo STF e não por Moro.

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