metropoles.com

Em giro árabe, Bolsonaro tentará mostrar que não prioriza Israel

Em sua maior viagem, presidente passará por 3 países árabes, levando 8 ministros e 120 empresários. Objetivo é atrair dólares do petróleo

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Marcos Corrêa/PR
10/05/2019 Lançamento da pedra fundamental da ponte de integra
1 de 1 10/05/2019 Lançamento da pedra fundamental da ponte de integra - Foto: Marcos Corrêa/PR

A explícita simpatia do presidente Jair Bolsonaro (PSL) por Israel é uma fonte constante de preocupação para o agronegócio e outros setores do mercado financeiro. Buscando desfazer o clima de desconfiança e melhorar a relação, a diplomacia brasileira costura desde o início do ano um giro do chefe do Executivo pelo mundo árabe, que vai se concretizar na semana que vem. Após passar por Japão e China, o presidente desembarca nos Emirados Árabes, no Catar e na Arábia Saudita acompanhado de seus principais ministros e de uma comitiva de 120 empresários. O principal compromisso será a participação em uma conferência conhecida como “Davos no Deserto”.

A visita da comitiva brasileira aos países árabes coroa um esforço diplomático que passou pelo recuo na promessa bolsonarista de instalar a embaixada brasileira em Israel na cidade de Jerusalém, cidade que é palco de uma disputa territorial entre israelenses e árabes. Com essa polêmica superada (por enquanto), Bolsonaro chega ao mundo árabe levando na bagagem 18 projetos de concessões e privatizações do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), com valor total de R$ 1,3 trilhão.

O objetivo é atrair investimentos dos fundos soberanos dos países árabes para o Brasil. Os Emirados Árabes contam com US$ 1 trilhão em ativos, dos quais US$ 5 bilhões já estão investidos por aqui. O fundo do Catar administra US$ 300 bilhões; o dos sauditas, US$ 850 bilhões.

Bolsonaro tem encontros marcados com os chefes de Estado de todos os países visitados, mas o evento considerado o mais importante da agenda é uma cúpula econômica que acontecerá em Riad, capital da Arábia Saudita, entre 29 e 31 de outubro. Bolsonaro foi convidado para fazer a abertura do evento, que tem ainda a presença confirmada do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi.

O evento ocorre desde 2017 no país e é apelidado de “Davos no Deserto”, uma referência à famosa cúpula econômica europeia. No ano passado, foram fechados acordos que somaram US$ 50 bilhões na cúpula, apesar de um forte boicote relacionado ao assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, um crime pelo qual o Estado saudita é apontado como principal suspeito.

“Esta visita vai servir para divulgar as oportunidades de investimentos no Brasil e servirá também para um intercâmbio maior entre nossos exportadores e potenciais exportadores para a região”, explica o secretário de Negociações Bilaterais no Oriente Médio, Europa e África do Itamaraty, embaixador Kenneth Félix Haczynski da Nóbrega. Ele afirma que o relacionamento com os países árabes é uma preocupação da diplomacia brasileira. “Assim como intensificar as relações com Israel é um objetivo da nossa política externa, fazer o mesmo com os países árabes também é. Compramos 33% do petróleo que importamos da Arábia Saudita e temos uma relação forte no agronegócio”, enumera.

Turismo na Arábia Saudita
A Arábia Saudita é o principal parceiro comercial do Brasil naquela região. Em 2018, as relações comerciais entre os dois países movimentaram US$ 4,4 bilhões, com saldo negativo de US$ 218,6 milhões para o Brasil (muito por causa da compra de petróleo).

O país é um dos mais fechados do mundo e apenas neste ano anunciou que vai passar a conceder vistos para turistas, incluindo brasileiros. Até agora, a Arábia Saudita só concede vistos para quem vai a negócios ou para peregrinos muçulmanos que visitam a cidade sagrada de Meca.

De acordo com o embaixador, porém, o destino ainda continua distante para os brasileiros. “Mas teremos melhorias em breve. Estamos negociando com os sauditas um acordo para que não seja necessário o visto e, também, com companhias aéreas para facilitar o trânsito. Não temos ainda nenhum voo direto do Brasil para a Arábia”, afirma Nóbrega. “Então, estamos ainda na fase de facilitar o turismo, antes de incentivá-lo”, completa.

A viagem
Bolsonaro decola no próximo dia 21 de outubro. Ele passará pelo Japão entre os dias 22 e 24, segue para a China, onde fica até o dia 26, e parte para Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, onde permanece até 28 de outubro. A visita a Doha, no Catar, será apenas no dia 28, e a estadia na Arábia Saudita vai até 30 de outubro. Será a viagem internacional mais longa já realizada por Bolsonaro desde a posse como presidente da República.

Vão acompanhar o presidente estes ministros: das Relações Exteriores, Ernesto Araújo; da Economia, Paulo Guedes; do Meio Ambiente, Ricardo Salles; da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes; da Casa Civil, Onyx Lorenzoni; da Defesa, Fernando Azevedo e Silva; da Cidadania, Osmar Terra; e das Minas e Energia, Bento Albuquerque.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?