Em evento, Bolsonaro volta a defender respeito entre os Três Poderes
Presidente tem amenizado o tom depois de declarações polêmicas e ataques proferidos no 7 de Setembro
atualizado
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Em evento com representantes do agronegócio no Rio Grande do Sul neste sábado (11/9), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a defender o respeito aos Três Poderes, em mais uma demonstração de recuo nos ataques a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Não podemos fazer as coisas na velocidade que muitos querem, mas a gente vai aos poucos redirecionando o futuro do nosso país. Temos Três Poderes que têm que ser respeitados. E devemos buscar sempre a melhor maneira de nos entendermos para que o produto do nosso trabalho seja estendido aos 210 milhões de habitantes”, afirmou.
Foi a primeira viagem realizada por Bolsonaro depois dos discursos de 7 de Setembro e da nota em que recuou dos ataques.
“Confio no povo brasileiro, confio em vocês e eu peço que acreditem que nós estamos fazendo o possível pelo nosso país. Acima de cada um de nós, acima dos Três Poderes, está o destino dessa grande nação”, prosseguiu Bolsonaro neste sábado.
Na quinta-feira (9/9), o chefe do Executivo federal apresentou uma Declaração à Nação, na qual disse que às vezes fala “no calor do momento” e que não teve “nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes”.
“Quero declarar que minhas palavras, por vezes contundentes, decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum”, diz o texto assinado por Bolsonaro e redigido em conjunto com o ex-presidente.
O atual presidente mandou um avião da FAB para buscar o antecessor em São Paulo. Além de ajudar na nota, o emedebista também intermediou uma conversa telefônica entre Bolsonaro e o ministro do Supremo Alexandre de Moraes, um dos principais alvos da militância bolsonarista.
Segundo relatos, Moraes teria repetido a Bolsonaro o que disse para Temer na noite anterior: que age apenas nos termos jurídicos e que não tem nada pessoal contra o atual presidente e seus apoiadores.
Marco temporal
Depois de pregar o respeito aos Três Poderes, o presidente voltou a dizer que, se uma nova interpretação em torno da demarcação de terras indígenas pelo Supremo representa o fim do agronegócio no Brasil. A corte discute a tese do marco temporal, uma interpretação defendida por ruralistas e setores interessados na exploração das terras indígenas.
O dispositivo restringe os direitos constitucionais dos povos originários. De acordo com a tese, essas populações só teriam direito a terra se estivessem sob sua posse no dia 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal.
“Nós temos um problema pela frente que tem que ser resolvido: o Supremo volta a discutir uma data diferente daquela fixada há pouco tempo, conhecida como marco temporal. Se a proposta do ministro Fachin vingar, será proposta a demarcação de novas áreas indígenas que equivalem a uma região Sudeste toda. Ou seja, o fim do agronegócio. Simplesmente isso, nada mais do que isso.”
Agenda no Rio Grande do Sul
Bolsonaro está em Esteio (RS), onde o visitou a feira agropecuária Expointer e recebeu a Medalha do Mérito Farroupilha da Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, a maior honraria do estado.
Acompanham o presidente, na agenda no Rio Grande do Sul, os ministros Gilson Machado (Turismo), Tereza Cristina (Agricultura), general Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Onyx Lorenzoni (Trabalho e Previdência), além de parlamentares da região.