“Em empresa privada, Campos Neto já teria sido demitido”, diz ministro
O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, disparou críticas ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto
atualizado
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O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, criticou duramente o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, ao apresentar, nesta quinta-feira (29/6), dados sobre o número de empregos com carteira assinada registrados em maio no Brasil.
Caged: Brasil cria 155 mil empregos com carteira assinada em maio
Em coletiva à imprensa, Marinho iniciou dizendo que os juros praticados são “uma incompreensão generalizada de economistas e até de banqueiros”, e não se justificam. Segundo ele, o país está “queimando oportunidade” de abrir mais postos de trabalho ao manter a taxa básica de juros (Selic) no atual patamar, a 13,75% ao ano.
“Se confirmaram os dados positivos [em maio], mas abaixo da nossa expectativa do que poderia ser caso não tivesse ocorrido o que, infelizmente, se persiste no Brasil com a política [de juros] determinada pelo Banco Central. O Banco Central insiste em não cumprir as suas obrigações, quais sejam: você tem meta de inflação, mas tem meta de emprego. E, aparentemente, o presidente do Banco Central esquece dessa sua obrigação, porque eu não vejo uma frase nas atas sobre emprego”, salientou.
“Se fosse uma empresa privada, seguramente, o presidente do Banco Central já teria sido demitido pelo não cumprimento das suas obrigações, porque tem de observar esses indicadores”, prosseguiu.
Caged
Em maio deste ano, o Brasil criou 155,2 mil empregos com carteira assinada. De acordo com os dados do governo federal, foram 2 milhões de contratações e 1,844 milhão de demissões no mês passado.
O resultado do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) representa queda de 44% em relação a maio do ano passado, quando foram criados 277,73 mil empregos formais no país.
O resultado do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) representa queda de 44% em relação a maio do ano passado, quando foram criados 277,73 mil empregos formais no país.
Pressão sobre Campos Neto
Indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Campos Neto tem sido alvo de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de parlamentares aliados, alguns dos quais defendem sua saída antecipada do posto.
A autoridade monetária tem autonomia recém-adquirida. Segundo a legislação, os mandatos da diretoria do BC não coincidem com os mandatos do presidente da República. Campos Neto é o primeiro presidente da instituição não indicado pelo presidente da República de turno.
Também nesta quinta, o presidente do BC disse a jornalistas que segue convicto de que continuará no comando da autoridade monetária até o término de seu mandato, em dezembro de 2024.
Nesta semana, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal aprovou um requerimento de convite para ouvi-lo sobre a Selic. Ainda não foi agendada data para a audiência.