Em discurso no Alvorada, Bolsonaro incita ataques à imprensa

Durante uma coletiva sobre a soltura do ex-motorista do jogador de futebol do Beijing Guoan – que estava detido desde 2019, na Rússia, por ter levado remédios proibidos ao país – o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ignorou e de, forma truculenta, afirmou que não iria responder às perguntas dos jornalistas.

Bolsonaro se aproximou da área da imprensa depois de receber os apoiadores. Questionado sobre a reunião com o chanceler, disparou: “Eu que vou falar” e foi ovacionado pelos apoiadores, que também acompanhavam o discurso.  “A pauta é única, pergunta só sobre a pauta”, disse.

Como é de costume, os jornalistas que acompanhavam a fala, perguntaram sobre outros assuntos, como a CPI da Covid-19 e as negociação da vacina russa contra a Covid-19, Sputnik V.

Questionado se o indulto russo ao ex-motorista Robson Oliveira tinha sido o único tema da reunião, Bolsonaro retrucou: “É o único assunto, não tem mais assunto não. Quer perguntar sobre o Robson, estou à disposição”.

Outra jornalista questiona se a vacina contra Covid-19 tinha sido um dos temas da conversa, ele disse: “Nada pra você!”

Após a negativa, alguns apoiadores do presidente aplaudiram a atitude com a imprensa. Um dos visitantes que estava acompanhado de uma criança se redirecionou à imprensa e gritou: “bandidos“, “vagabundos” e “filhos da puta“. Nenhum dos integrantes da segurança interviu ou chamou a atenção do rapaz.

Segundo revelou o Relatório da Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil  – 2020, elaborado pela Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e divulgado no dia 26 de janeiro deste ano, Bolsonaro sozinho respondeu por 175 registros de violência contra a categoria (40,89% do total de 428 casos): 145 ataques genéricos e generalizados a veículos de comunicação e a jornalistas, 26 casos de agressões verbais, um de ameaça direta a jornalistas.