Em depoimento, Fernando Baiano cita ‘doação’ a Valdir Raupp
Uma das linhas de acusação da Lava Jato é de que o esquema de corrupção abastecia não só os diretores da estatal indicados por partidos, como também as próprias siglas
atualizado
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Em seu primeiro depoimento ao juiz Sérgio Moro após fechar o acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral, o lobista Fernando Antonio Soares, o Fernando Baiano, afirmou que pediu “doação” para o atual presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), e ao ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. O repasse teria sido operado pelo doleiro Alberto Youssef em forma de doação oficial.
Apesar disso, ele negou ser “operador de propinas do PMDB”, como diz a força-tarefa da Lava Jato. Ao ser questionado por Moro se havia alguma relação entre as propinas recebidas pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, para quem Baiano admitiu operar, e os repasses para partidos dentro do esquema na Petrobras, o delator disse: “Eu acredito que isso seja independente, eu sempre operei recursos do Paulo, para o Paulo”.
Em seguida, o delator fez uma ressalva quanto a um “parlamentar do PMDB”. “Só teve uma vez que eu pedi uma doação para o Paulo para um parlamentar, para o PMDB, e que o Paulo disse que iria cuidar disso”, relatou. “Eu também fiquei sabendo, posteriormente, que essa doação tinha sido feita e eu fiquei sabendo depois que foi feita oficialmente e quem tinha operacionalizado isso tinha sido o Youssef”, afirmou Baiano, que, então, foi indagado por Moro. “Que parlamentar era esse?” “Foi o senador Valdir Raupp”, respondeu o depoente.
Contradições
A versão de Fernando Baiano vai ao encontro de delação do próprio Youssef feita no ano passado, na qual ele afirmou ter operado o pagamento de R$ 500 mil para a campanha de Raupp ao Senado em 2010. O valor teria, segundo o doleiro, saído da cota do PP e seria decorrente de sobrepreços em contratos da Petrobras.
Valdir Raupp já é alvo de dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal. Um deles investiga se houve formação de quadrilha para fraudar a Petrobras. O outro apura se o senador recebeu dinheiro desviado por empresas com contratos na estatal e lavou os valores. Raupp não foi localizado pela reportagem. Ao Jornal Nacional, da TV Globo, a assessoria dele negou a acusação e disse que o dinheiro foi para o partido.