Em depoimento à PF, Moro admite que seu celular foi hackeado
Por ocasião da Vaza Jato, o ex-juiz chegou a negar ter sido alvo de hackers e que as mensagens interceptadas não passariam de “fofocas”
atualizado
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No depoimento prestado na Polícia Federal, em Curitiba,no último sábado (02/05), o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro admitiu que teve mensagens interceptadas ilegalmente por hackers, motivo pelo qual passou a apagá-las periodicamente.
A versão contrasta com as negativas de Moro apresentadas no episódio da Vaza Jato, que apontou mensagens trocadas entre o então juiz da operação Lava Jato e procuradores de Curitiba que estavam a frente das denúncias, entre eles o coordenador da força-tarefa Deltan Dallagnol.
“Que o declarante esclarece que tem só algumas mensagens trocadas com o Presidente, e mesmo com outras pessoas, já que teve, em 2019, suas mensagens interceptadas ilegalmente por hackers, motivo pelo qual passou a apagá-las periodicamente. Que o declarante esclarece que apagava as mensagens não por ilicitude, mas para resguardar privacidade e mesmo informações relevantes sobre a atividade que exercia, inclusive, questões de interesse nacional”, diz um trecho do depoimento do ex-ministro.
Na época, Moro reagiu às acusações derivada dos vazamentos como apenas “supostas fofocas” e chegou usar sua conta no Twitter para contestar o conteúdos das mensagens. “Se fosse verdadeira, não passaria de supostas fofocas de procuradores”, disse Moro sobre a matéria divulgada pelo The Intercept Brasil.
Moro disse que o site trocou nomes e datas e afirmou que “isso só reforça que as mensagens não são autênticas e que são passíveis de adulteração”. Para ele, “o que se tem é um balão vazio, cheio de nada”.
A matéria do site, se fosse verdadeira, não passaria de supostas fofocas de procuradores, a maioria de fora da Lava Jato. Houve trocas de nomes e datas pelo próprio site que as publicou, como demonstrado por OAntagonista.
— Sergio Moro (@SF_Moro) June 29, 2019
No depoimento, Moro disse que entregava seu celular para a PF somente para a extração de “mensagens trocadas via aplicativo Whatsapp, com o Presidente da República (contato “Presidente Novíssimo”) e com a Deputada Federal Carla Zambelli (contato Carla Zambelli II) e que são as relevantes, no seu entendimento, para o caso”, observou o ex-juix.
Ele ainda apontou que “não disponibiliza as demais mensagens pois têm caráter privado (inclusive as eventualmente apagadas), ou se tratam de mensagens trocadas com autoridades públicas, mas sem qualquer relevância para o caso, no seu entendimento”.
Quando pediu demissão do governo, Moro alegou pressões por interferências políticas no comando da Polícia Federal. Segundo o ex-juiz da Lava Jato, o presidente queria “relatórios da PF” sobre as investigações.
Confira a íntegra do depoimento de Sergio Moro:
Depoimento de Sergio Moro à PF by Carlos Estênio Brasilino on Scribd