Em data que marca 58 anos do golpe, Bolsonaro defende ditadura militar
Em cerimônia de despedida de ministros-candidatos, presidente elogiou obras do período e militares que comandaram o país durante o regime
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) usou seu discurso na cerimônia de despedida de ministros-candidatos para exaltar o regime militar. O golpe que instaurou uma ditadura militar no país por 21 anos completou 58 anos nesta quinta-feira (31/3).
O chefe do Executivo federal elogiou os militares Ernesto Geisel, Humberto Castelo Branco e Emílio Garrastazu Médici, que presidiram o país durante o período, e projetos empreendidos pelas gestões.
“O que seria do Brasil sem as obras do governo militar? Não seria nada. Seríamos uma republiqueta. O que seria da agricultura sem Geisel?”, iniciou ele
“O que seria do coração da Amazônia sem Castelo Branco? Ele assinou um decreto criando a Zona Franca de Manaus. Certamente já teríamos perdido a Amazônia. A resiliência do povo brasileiro, o trabalho daqueles naqueles anos de governo foi difícil também. É uma luta da verdade contra a mentira, da história contra a estória, do bem contra o mal. E o Brasil resistiu, obras fantásticas, desbravamento do Centro-Oeste. O que seria do nosso mar territorial sem Emílio Garrastazu Médici? O que seria da nossa Força Aérea sem a criação da Embraer? Brasileiros fantásticos”, prosseguiu.
Bolsonaro também afirmou que há semelhanças entre sua gestão e as dos governos militares na formação dos ministérios.
“A composição dos ministérios era muito parecida com o meu, não tinha uma negociação política exacerbada. Ia-se no limite”, prosseguiu ele.
O mandatário disse ainda, de forma errônea, que a tomada do poder pelos militares aconteceu “à luz da Constituição de 1946”. Entre o golpe e a subida ao poder de Castelo Branco, em 15 de abril de 1964, foi editado o Ato Institucional número I (AI-5), que transformou a Câmara dos Deputados em um colégio eleitoral, o que não estava previsto na Constituição vigente à época.
Cerimônia de despedida
Por causa da data-limite estabelecida pela Justiça Eleitoral para descompatibilização de cargos públicos (2 de abril), no caso de quem quer concorrer às urnas, nove ministros do governo Jair Bolsonaro desembarcaram de suas funções. Seus nomes foram publicados na edição desta quinta do Diário Oficial da União.
Além deles, outros personagens importantes também deixam a Esplanada, como Mario Frias, Sérgio Camargo, Alexandre Ramagem e Jorge Seif.
Depois de formalizadas as trocas, foi realizada no Palácio do Planalto uma cerimônia conjunta de despedida dos ministros-candidatos, que discursaram.
O evento foi prestigiado por um grupo grande de deputados, senadores e apoiadores do presidente. Entre eles, estava o deputado Daniel Silveira (União Brasil-RJ), que ainda não está usando tornozeleira eletrônica, apesar de determinação do ministro do Supremo Alexandre de Moraes. Silveira recentemente voltou atacar ministros da Corte durante eventos do qual participou após ter deixado a prisão, em novembro do ano passado.