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Em cerimônia restrita, Bolsonaro recebe Medalha do Mérito Indigenista

Após polêmica por concessão de homenagem, cerimônia não constou na agenda oficial do presidente e não foi aberta à imprensa

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Presidente Bolsonaro desce a rampa do Palácio do Planalto e cumprimenta indígenas ligados ao  agronegócio. Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles
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De cocar na cabeça, o presidente Jair Bolsonaro (PL) recebe nesta sexta-feira (18/3) a Medalha do Mérito Indigenista “como reconhecimento pelos serviços relevantes em caráter altruísticos, relacionados com o bem-estar, a proteção e a defesa das comunidades indígenas”. A cerimônia ocorre na manhã desta sexta, no Palácio da Justiça, em Brasília (DF).

A concessão da honraria foi oficializada em portaria assinada pelo ministro Anderson Torres publicada na quarta-feira (16/3) no Diário Oficial da União (DOU). A cerimônia desta sexta é destinada à entrega da medalha.

A homenagem rendeu críticas ao governo por associações e políticos, dado que Bolsonaro é defensor de agendas que são consideradas por especialistas da área como contrárias ao bem-estar das comunidades indígenas, entre elas a mineração em terras demarcadas. Em razão disso, a cerimônia não constou na agenda oficial do presidente da República e foi fechada à imprensa.

A condecoração a Bolsonaro ainda fez com que Sydney Ferreira Possuelo, ex-presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai) e ativista, devolvesse sua medalha do mérito indigenista recebida há 35 anos.

Em carta, Possuelo afirmou que a concessão do mérito ao presidente “é um flagrante, descomunal” e uma “ostensiva contradição” em relação ao trabalho que ele mesmo realizou e motivou a sua premiação.

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Presidente Bolsonaro desce a rampa do Palácio do Planalto e cumprimenta indígenas ligados ao  agronegócio.
Presidente Bolsonaro desce a rampa do Palácio do Planalto e cumprimenta indígenas ligados ao  agronegócio.
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O deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ), coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, protocolou um projeto na Câmara dos Deputados para suspender a concessão da medalha a Bolsonaro.

“É um escárnio que o mesmo governo que tenta liberar a mineração em terras indígenas, colocando em risco a existência destes povos tão perseguidos e maltratados, tenha a desfaçatez de se autoconceder medalhas de ‘mérito’ por todos estes males feitos nos últimos três anos. Ou o Congresso cancela este absurdo ou estará se associando a esta agressão sem precedentes aos povos indígenas”, afirmou Molon.

Bolsonaro não demarcou nenhuma terra indígena em 3 anos de Planalto

Homenageados

A Melha do Mérito Indigenista foi criada por decreto em 1972 a fim de reconhecer os relevantes trabalhos prestados em favor dos indígenas brasileiros. Nesta edição, 26 pessoas estão sendo agraciadas. Entre elas, estão indígenas simpáticos às teses do presidente, como Gerson Warawe Xavante e Irisnaide de Souza Silva.

Irisnaide lidera um dos dois principais grupos indígenas de Roraima e já se reuniu com Bolsonaro algumas vezes para tratar da mineração em terras indígenas. Ela é criticada por algumas associações indígenas, que dizem que ela não representa verdadeiramente os interesses das comunidades ao defender a exploração de recursos naturais em solo indígena.

Outros agraciados com a medalha são Celso Lamitxab Surui, cafeicultor indígena de Rondônia, e Wayukumã Kalapalo, presidente da Associação Desportiva Social e Cultural dos Povos Indígenas do Xingu.

Veja as autoridades agraciadas com a Medalha do Mérito Indigenista:

  • Anderson Torres, ministro da Justiça e Segurança Pública;
  • Walter Souza Braga Netto, ministro da Defesa;
  • Tereza Cristina, ministra da Agricultura;
  • Damares Alves, ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos;
  • Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
  • Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República;
  • Tarcísio Gomes de Freitas, ministro da Infraestrutura;
  • João Roma, ministro da Cidadania;
  • Marcelo Queiroga, ministro da Saúde;
  • Bruno Bianco, advogado-geral da União;
  • Jorge Oliveira, ministro do Tribunal de Contas da União (TCU);
  • Augusto Nardes, ministro do Tribunal de Contas da União (TCU);
  • Márcio Nunes De Oliveira, diretor-geral da Polícia Federal (PF);
  • Silvinei Vasques, diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF);
  • Carlos Renato Machado Paim, secretário nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça e Segurança Pública; e
  • Antônio Aginaldo De Oliveira, diretor da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP).

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