Na véspera de votação, Flordelis pede, em carta, “chance” a deputados
Deputada diz que julgamento no Conselho de Ética é injusto. Câmara deverá votar nesta quarta-feira (11/8) processo de cassação
atualizado
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A deputada federal Flordelis dos Santos de Souza (PSD-RJ) enviou, nesta terça-feira (10/8), uma carta aos colegas parlamentares em que pede ajuda para lutar contra “uma grande injustiça”.
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que vai votar nesta quarta-feira (11/8) o relatório do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar que recomenda a cassação do mandato da deputada fluminense. Flordelis é ré acusada de ser a mandante da morte do marido, o pastor Anderson do Carmo, em junho de 2019.
Na carta, antecipada pelo Metrópoles, a pastora evangélica pede aos deputados federais apenas uma chance. Ela tenta segurar a votação até que seja julgada pelo tribunal de júri.
“Uma chance para que eu possa me defender de um processo injusto de homicídio do meu próprio marido. Uma chance para que eu possa cumprir o mandato que eu fui legitimamente eleita. Uma chance para que minha dignidade seja, um dia, restabelecida”, assinala a parlamentar.
“Peço a chance de poder provar minha inocência. Meu processo, como meus advogados tentarão explicar, é cheio de nulidades. Cheio de erros. Sequer tive a oportunidade de apresentar alegações finais. Não fui julgada, até aqui, de forma justa. Fui escrachada pela juíza, pelos promotores e pelos policiais”, prossegue ela.
Flordelis relata também que tem sofrido muito desde que perdeu o marido e garante que a única certeza que tem é que não matou, não mandou matar, nem conspirou para a morte de Anderson do Carmo.
Leia a íntegra da carta:
Carta 09 – Carta Aos Deputados_Ocultado by Tacio Lorran Silva on Scribd
Mandado de segurança
Conforme mostrou o colunista Igor Gadelha, do Metrópoles, Flordelis entrou, nesta tarde, com um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar impedir que o plenário da Câmara vote seu processo de cassação.
A informação havia sido antecipada pelo Metrópoles no último dia 7 de julho.
No pedido, a defesa da deputada argumenta que o crime do qual Flordelis é acusada não é inerente ao seu mandato. Os advogados também questionam se o crime poderia ser configurado como quebra de decoro parlamentar.
Citando matérias da imprensa, a defesa de Flordelis aponta ainda que ao menos outros 50 deputados federais respondem a processos criminais e não foram levados ao Conselho de Ética da Câmara. E cita, em especial, o atual presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).
Na peça, a defesa inclui matérias da imprensa para argumentar que Lira é réu em pelo menos um processo no STF e, mesmo assim, conseguiu ser eleito presidente da Câmara e “insiste em alegar que tem condições para assumir” a Presidência da República em caso de vacância do cargo, alegando “presunção de inocência”.
“A deputada Flordelis, ao contrário do que está acontecendo, não pode ser uma escolhida dentre tantos casos e, em nenhuma hipótese, seu processo poderá ser levado à votação com o atropelo das garantias previstas na Carta Política de 1988”, escrevem os advogados.