Em áudios vazados, Queiroz lamenta “abandono” de amigos
Ele era assessor de Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e amigo próximo do presidente da República. Porém, após acusações no MPF, desapareceu
atualizado
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Em conversas de áudio vazadas pela revista Época, nessa sexta-feira (31/08/2019), o ex-assessor de Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) Fabrício Queiroz revelou que se sentiu abandonado por pessoas de sua confiança. “Não vejo ninguém mover nada para tentar me ajudar aí”, desabafou.
Queiroz era o braço direito do filho de Jair Bolsonaro (PSL) e amigo próximo do presidente da República. Porém, com as denúncias no Ministério Público sobre movimentações milionárias ilegais em sua conta, ele do radar da mídia e ficou quase um ano sem ser visto. Questionado, Flávio dizia desconhecer o paradeiro do ex-colega de gabinete. Esta semana, Queiroz foi visto no Hospital Albert Einstein, no bairro do Morumbi, em São Paulo, onde realiza tratamento para combater um câncer no intestino.
Nos áudios, Queiroz criticou o andamento das investigações sobre Adélio Bispo, que confessou ter tentado matar Bolsonaro com uma facada durante comício eleitoral, em setembro de 2018. O ex-assessor disse que, em outros tempos, “eles mesmos iriam levantar” a situação do agressor do mandatário do país.
Na sua visão, alguém contratou Adélio para matar o chefe do Executivo federal. Porém, segundo diligências da Polícia Federal, o acusado agiu sozinho. “Se eu não estou com esses problemas aí, a gente de bobeira, podia estar aí andando e ia dar para investigar, infiltrar, botar um ‘calunga’ no meio deles, entendeu? A gente mesmo levantava essa parada aí [quem contratou Adélio]”, diz trecho de áudio vazado.
Bolsonaro disse, neste sábado (31/08/2019), que Queiroz era de sua “confiança”, mas que deve responder pelas acusações no Ministério Público. “Conheço o Queiroz desde 1984, era uma pessoa de confiança. Esse problema quem tem de resolver é ele. Se funcionário botava dinheiro na conta dele, ele que responda”, comentou.
Relatório do Coaf mostra que ao menos 28 servidores da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro tiveram movimentações atípicas em suas contas bancárias com o mesmo padrão das realizadas por Fabrício Queiroz entre 2016 e 2017. Eles movimentaram valores acima de sua capacidade financeira. Receberam depósitos de outros servidores da Casa e, em alguns casos, em datas próximas do dia de pagamento da Alerj.
A Polícia Federal suspeita da existência de um esquema de nomeação de funcionários fantasmas e posterior devolução de parte dos salários para deputados e servidores.