Em ato, bolsonaristas gays criticam militância LGBT e defendem presidente
Dupla chamou atenção em manifestação em Brasília. No Dia Internacional da Luta contra Homofobia, eles minimizaram declarações de Bolsonaro
atualizado
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Em meio ao mar de verde e amarelo que caracteriza as manifestações bolsonaristas, não só pontuais bandeiras estadunidenses e israelenses destoavam, neste domingo (17/05), em manifestação em Brasília. No Dia Internacional Contra a Homofobia, chamavam a atenção também duas bandeiras do arco-íris, adotada pelo movimento LGBT+ como símbolo de luta.
Deslocadas, visto que o público LGBT+ não compõe o eleitorado bolsonarista, elas eram empunhadas pelo arquiteto Richard Chamorro e pelo ator Wilk Vanderson. Ambos se afirmam homossexuais e apoiadores do presidente.
Ao Metrópoles, eles defenderam o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), se disseram representados pela direita e criticaram a militância LGBT+. “Nossa bandeira não é a sexualidade, nossa bandeira é o Brasil”, afirmou Vanderson.
Chamorro, que também vestia uma camiseta dizendo “não ser politicamente correto”, contou que foi ao protesto porque luta por “um país sem ideologia de gênero, onde as pessoas possam ser livres, sem preconceito acima de qualquer coisa”.
“Estamos aqui para mostrar que o Bolsonaro tem sim apoiadores gays e nós somos muitos. Acima da minha sexualidade, o que me importa é a minha bandeira nacional, em que está escrito ordem e progresso. É por isso que nós lutamos.”
Chamorro, que é de São Paulo, contou já ter participado de diversos outros atos de direita e assegurou que nunca foi discriminado. E tampouco se considerou atacado por declarações polêmicas do presidente, que já relacionou a homossexualidade, por exemplo, com uma “má educação” de “pais ausentes”.
“Meus pais são testemunhas de Jeová. Quando o Bolsonaro falou que ele não queria um filho gay… até então meus pais não queriam. Eu sou gay e minha irmã é lésbica. Você não querer não significa que você não respeita”, sustentou o arquiteto.
Para ele, o “problema dos gays é que eles querem obrigar as pessoas a aceitarem a sexualidade”. “Não temos que obrigar, temos que ser respeitados”, opinou. Chamorro também condenou o estudo da ideologia de gênero em escolas, que, na sua avaliação, envolve “pregação” para crianças.
A discussão sobre sexualidade, defendeu, tem que ser feita exclusivamente no ambiente familiar: “Eu sou contra essa pregação que tem nas escolas para crianças. Acho que, quando a criança chegar acima dos seus 18 anos, ela vai saber o caminho que vai tomar”, disse
“Agora, os professores ficarem obrigando, eu não acho isso certo. Hoje em dia as crianças estão muito sexualizadas, isso é muito ruim. Acho que quem tem que educar são os pais. Os professores estão lá para ensinar disciplinas como geografia, matemática e história…”, acrescentou.
Máscaras
Como diversos outros apoiadores que participaram do ato, eles passaram parte da manifestação sem as máscaras de proteção recomendadas para conter a disseminação do novo coronavírus. Segundo a dupla, como eles estavam dando “muitas entrevistas”, era difícil falar com o item de proteção.