Em apoio a Lawand, bolsonarista ironiza e fala em “golpe das bengalas”
Coronel do Exército, Jean Lawand Júnior é o depoente desta terça-feira na CPMI do 8/1 no Congresso Nacional
atualizado
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Coronel do Exército, Jean Lawand Júnior, ex-subchefe do Estado Maior do Exército, que prestou depoimento nesta terça-feira (27/6) à CPMI do 8/1 no Congresso Nacional, foi jogado aos leões por alguns parlamentares bolsonaristas. Mas também recebeu apoio. Mauricio Marcon (Podemos-RS), um dos mais ferrenhos defensores de Bolsonaro na CPMI, chegou a acusar o governo Lula de ter oferecido R$ 60 milhões em emendas parlamentares para evitar a instalação do colegiado.
Na sequência, Marcon recorreu à ironia ao perguntar ao coronel se ele tratou com o ex-presidente sobre “um planejamento de golpe, contratando velhinhas para botar aqui dentro, alguma marcha, alguma coisa depois do dia 21/12 [dia em que Lawand enviou mensagens para Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro] que indicasse qualquer vontade de dar um ‘golpe das bengalas’ em Brasília”. Lawand respondeu negativamente à ironia.
Veja como foi o depoimento:
A oitiva com Jean Lawand Júnior aconteceu porque no celular de Mauro Cid foram encontradas mensagens do militar pedindo ao ex-ajudante de ordens de Bolsonaro interferência para convencer o então presidente da República e as Forças Armadas a darem um golpe de estado. O coronel não aceitava a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de outubro de 2022.
A ação dos bolsonaristas para isolar as ações do coronel e impedir qualquer associação a Jair Bolsonaro contiuou. O senador Jorge Seif (PL-SC) apontou “contradições” no discurso de Lawand e afirma que Mauro Cid não deu atenção às mensagens enviadas pelo colega militar. O então ajudante de ordens chegou a afirmar que a ordem para o golpe não seria dada.
Seif, então, questionou Lawand se ele tentou incitar o povo a tentar dar o golpe, mas a resposta do militar foi novamente negativa. “Então o presidente não deu a ordem para um golpe, apesar dos conselhos. Mesmo que o Cid tenha falado algo para o presidente Jair Bolsonaro, ele respeitou o estado democrático”, disse o senador, ex-secretário do governo passado.
Lawand pede desculpas
Mais cedo, Laewand negou ter incentivado um golpe. “Afirmo aos senhores que em nenhum momento falei sobre golpe. Em nenhum momento atentei contra a democracia brasileira. Em nenhum momento quis quebrar, destituir, agredir qualquer uma das instituições. Isso não faz parte do que aprendi na minha carreira”.
Apesar disso, o ex-subchefe do Estado Maior do Exército pediu desculpas sobre as mensagens de teor golpista. “Quero pedir desculpas ao Exército brasileiro, ao povo brasileiro. O Exército Brasileiro é disciplinado, legalista e, nessa fala, eu fui muito infeliz. Foi uma opinião minha no calor da emoção. Não posso, na condição de coronel, dizer o que pensa o Alto Comando. Eu me equivoquei”, afirmou.
Ele também negou ter tratado com Mauro Cid sobre busca de embasamento jurídico para um possível golpe, sobre a construção da “minuta do golpe” ou de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) ou qualquer ação semelhante.