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Em 100 dias de governo, Alckmin teve quase uma reunião por dia com empresariado

Vice-presidente Geraldo Alckmin, que acumula cargo de ministro, fez ao menos 95 reuniões com empresários desde 1° de janeiro

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Hugo Barreto/Metrópoles
Geraldo Alckmin
1 de 1 Geraldo Alckmin - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Em 100 dias de governo, o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), teve agendas com parlamentares, ministros, governadores, entidades de organismos empresariais e representantes de outros países. Mas o foco principal foi no empresariado, um dos grupos nos quais Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenta vencer resistências desde a campanha eleitoral do ano passado.

Os empresários veem Lula com certa reserva em vários aspectos, em especial da política econômica que tem sido desenhada pelo petista. Nesse sentido, Alckmin tem procurado trabalhar para minar as resistências ao presidente da República.

Levantamento do Metrópoles com base na agenda oficial mostra que, em 100 dias, o ex-tucano teve ao menos 95 encontros com empresários ou com organismos que representam o empresariado. Em três meses de governo, o vice e ministro se desdobrou entre as duas atribuições e teve quase um encontro com a categoria a cada dia.

Nos encontros, que aconteceram em sua maioria no gabinete do vice-presidente, no Palácio do Planalto, ou no Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), estiveram representantes de vários ramos, como moda, infraestrutura, automobilismo, TV, cosméticos, entre outros.

De todos os organismos que aparecem nas agendas com o vice-presidente, algumas tiveram recorrência, como a Confederação Nacional da Indústria (CNI), Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), Avibras Indústria Aeroespacial, Unigel Petroquímica e Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA).

Outros representantes de destaque que encontraram com o vice-presidente, Globo, Shein, Tim, Interfarma, Associação Brasileira da Indústria de Alimentos, Land Rover, Associação Brasileira de Proteína Animal, IGB Eletrônica S/A, Companhia Brasileira de Alumínio, entre outros.

Entre outras atribuições, a pasta comandada por Alckmin se esforça para alavancar iniciativas econômicas que geram desburocratização, no ponto de vista governamental, assim como a reforma tributária e o arcabouço fiscal. Esse diálogo contínuo com instituições, serve também, do ponto de vista industrial, para antecipar o impacto que as medidas propostas trarão.

Interlocução política

Além da atenção especial para os negócios empresariais, Alckmin também participou de audiências com parlamentares e ex-parlamentares ao menos 65 vezes e 23, com ministros ou ex-ministros.

O ex-governador de São Paulo também se reuniu em 18 ocasiões com representantes de ao menos dez países, como Chile, China, Suíça, Países Baixos, El Salvador, Alemanha, Azerbaijão, União Europeia, Angola, Portugal, Índia e Estados Unidos.

Mesmo que Alckmin tenha assumido um cargo de interlocução mais voltado à indústria e ao empresariado, ele também tem tido papel muito relevante no diálogo com a oposição ao governo.

Filiado ao Partido Socialista Brasileiro (PSB) desde o ano passado, o vice-presidente já se reuniu com políticos de 14 partidos neste ano. O número representa 43,75% do total de legendas registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) (32). Veja com quais siglas Alckmin se encontrou:

  • Partido dos Trabalhadores (PT);
  • União Brasil;
  • Podemos;
  • Partido Socialista Brasileiro (PSB);
  • Partido Progressistas (PP);
  • Partido Liberal (PL);
  • Partido Comunista do Brasil (PCdoB);
  • Partido Social Democrático (PSD);
  • Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB);
  • Partido Republicanos;
  • Partido Cidadania;
  • Partido Republicano da Ordem Social (PROS);
  • Movimento Democrático Brasileiro (MDB);
  • Rede Sustentabilidade.

Foco na indústria

Chefiado pelo vice-presidente, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) foi reativado desde o início do novo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 1º de janeiro. Nesse meio tempo, a pasta teve protagonismo na busca de atuação e interlocução para medidas de desburocratização econômica.

Originalmente, a pasta foi criada em 1960, durante o governo do ex-presidente Juscelino Kubitschek para integrar a estrutura da administração pública federal direta. Foi extinto e destrinchado durante o governo Collor e, posteriormente, recriado no período de Itamar Franco.

Algumas das atribuições do MDIC estão relacionadas à política de desenvolvimento da indústria, do comércio e dos serviços; à propriedade intelectual e transferência de tecnologia; à metrologia, normalização e qualidade industrial; à políticas de comércio exterior, entre outras.

A pasta passou o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) integrada ao Ministério da Economia de Paulo Guedes. Por uma promessa de governo, o ex-mandatário reduziu a quantidade de ministérios e, com isso, o Ministério da Fazenda, do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão e da Indústria, Comércio Exterior e Serviços foram resumidos a um.

Com a vitória, o petista manifestou interesse em buscar renovar a estrutura extinta, e assim, a pasta voltou a ser independente. Embora independente, o ministério age por meio de interlocução com as outras pastas da área econômica.

Histórico

Com vasta experiência política, Alckmin começou sua trajetória política como prefeito (1977-1982) e vereador de sua cidade natal (1973-1977), Pindamonhangaba, em São Paulo. Em seguida, foi deputado estadual (1983-1987) e deputado federal (1987-1995).

Governou São Paulo em quatro ocasiões. Na primeira (entre 2001 e 2002), foi alçado de vice a governador após a morte de Mário Covas. Depois, foi eleito governador para o mandato de 2003 a 2006 e, posteriormente, comandou o estado em outros dois períodos: de 2011 a 2015 e de 2015 a 2018.

Alckmin e Lula se enfrentaram no segundo turno da eleição presidencial de 2006, quando Lula foi reeleito. Ele também atuou, entre 2017 e 2019, como presidente nacional do PSDB, partido ao qual esteve filiado por 33 anos. O ex-tucano também disputou a eleição presidencial de 2018, ficando em quarto lugar, com 4,7% dos votos válidos.

Nos dois meses em que o Gabinete de Transição de Lula funcionou, Alckmin assumiu a coordenação da equipe e mostrou que deve atuar em mais flancos do que o inicialmente previsto. Ele atuou em linha com os grupos temáticos e, em diversas ocasiões, foi porta-voz de decisões e propostas do governo eleito.

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