Eleições escancaram racha no DEM, mas partido tenta manter Maia e Mandetta
Correligionários, em reserva, confirmam que o clima nas hostes do DEM ainda “está ruim” entre Maia, ACM Neto e parte da bancada federal
atualizado
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Passada a eleição da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, o clima de tensão no DEM ainda não arrefeceu. A reação do ex-ministro Luís Henrique Mandetta (DEM-MS) – endossada pelo ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ) – à entrevista do presidente nacional do partido, ACM Neto, à Folha de S. Paulo, nesta quinta-feira (4/2), colocou um pouco mais de gasolina na fogueira do ex-PFL.
Neto disse que o DEM não estaria “com extremos” em 2022, mas não descartou uma aliança com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), constantemente criticado por seus arroubos autoritários. Mandetta, então, ironizou o comandante da legenda.
“Ele não descarta nada, tudo pode ser. É tipo maria-mole, que vai pra um lado, vai pra outro”, afirmou. Maia republicou a resposta de Mandetta nas redes sociais.
Opinião do ex-ministro @lhmandetta. https://t.co/60RPlLgGkc
— Rodrigo Maia (@RodrigoMaia) February 4, 2021
Correligionários, em reserva, confirmam, ao Metrópoles, que o clima nas hostes do DEM ainda “está ruim” entre Maia, Neto e parte da bancada. O ex-presidente da Câmara chegou a dizer ao presidente do partido que o DEM se tornaria conhecido como o “partido da boquinha” por supostamente estar trocando apoio por cargos no governo.
A bancada do DEM ficou incomodada com Maia pela forma com que ele conduziu o apoio a Baleia Rossi, do MDB, sem ser consultada. O ex-presidente da Câmara, por sua vez, se sentiu abandonado por Neto e colegas do partido. Um dia antes da eleição, o partido deixou o bloco de Rossi e declarou neutralidade, mas ao menos 22 deputados dos 31 da bancada federal votaram em Lira.
No auge da tensão, Maia aventou a aliados a possibilidade de deixar o partido após a eleição da Mesa. Alguns interpretaram como apenas um desabafo, outros levaram a sério.
Há, todavia, uma intenção de parte da bancada de apaziguar os ânimos e manter Maia e aliados na legenda. Isso incluiria Mandetta e o prefeito do Rio, Eduardo Paes (DEM-RJ), entre outros do grupo do ex-presidente da Câmara.
“Acredito que é uma coisa de momento. Até porque Rodrigo Maia há muitos anos é do DEM, e não acredito que ele vá sair. Tenho impressão de que é uma coisa passageira, não acredito que seja algo mais profundo”, disse a senadora Maria do Carmo (DEM-SE).