Após bate-boca e confusão, Senado adia eleição de presidente para hoje
Os trabalhos serão retomados às 11h deste sábado (2/2). Decisão foi tomada depois de quatro horas de tumulto e troca de insultos
atualizado
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Depois de quase quatro horas de muito tumulto e bate-boca, os senadores aprovaram em votação simbólica o adiamento da sessão para a escolha dos novos presidente, vices (dois) e secretários (quatro), tanto titulares quanto suplentes, da nova legislatura. Os trabalhos serão retomados às 11h deste sábado (2/2), provavelmente sob a presidência do parlamentar mais velho da Casa, José Maranhão (MDB-PB). Mas os martelos sobre os detalhes da votação só serão batidos pela manhã.
A eleição estava inicialmente marcada para as 18h desta sexta (1º), mas o Senado nem começou a escolher sua nova Mesa Diretora, pois não havia consenso sobre a forma pela qual os parlamentares deveriam escolher seus dirigentes nem quanto a quem conduziria os trabalhos. A sessão foi aberta pelo remanescente da última mesa, David Alcolumbre (DEM-AP), conforme prevê o regimento interno, mas sua legitimidade foi questionada, visto que o parlamentar também concorre a presidente do Senado.
Ainda assim, sob a batuta do democrata, os parlamentares aprovaram, por 50 votos a favor e 2 contra, que a eleição seria aberta, conforme requerimento apresentado por Randolfe Rodrigues (PSol-AP) e assinado pela maioria dos senadores (veja o documento abaixo). Mas a sessão virou tumulto generalizado, com direito a muita reclamação e quase empurra-empurra, quando esse resultado foi proclamado.
Para o preferido na disputa a presidente, Renan Calheiros (MDB-AL), e seus aliados, a opção pelo voto aberto foi golpe dos oposicionistas. Eles tentam anular a votação e destituir Alcolumbre do comando da eleição da Mesa Diretora.
Veja como foi a cobertura ao vivo do Metrópoles:
Confira o requerimento aprovado pela votação aberta:
QUESTÃO DE ORDEM – RANDOLFE… by on Scribd
Na pressão
Um dos sete senadores que concorrem à presidência do Senado, Alcolumbre desabafou na hora de defender sua candidatura: “Eu fui agredido muitas vezes aqui hoje. Não aceito agressão. Eu lido apenas com o diálogo”.
Ele ficou sob a pressão exercida por Calheiros e aliados durante a condução da sessão no Senado. Kátia Abreu (PDT-TO) chegou a invadir a Mesa Diretora e arrancar das mãos de Alcolumbre alguns papéis: supostamente o roteiro da sessão. Depois, no microfone do plenário, a parlamentar citou o regimento interno ao insistir que a decisão sobre o modelo de votação deve ser unânime e o democrata, por ser candidato, não poderia conduzir a eleição da qual participa.
Pouco antes, Renan Calheiros (MDB-AL) quase entrou em briga física com Tasso Jereissati (PSDB-CE), que desistiu da disputa pela presidência do Senado, devido a divergências sobre o comando da sessão. Agora, além da pedetista e do emedebista, PT e PSD também querem que Alcolumbre seja considerado impedido de presidir a eleição da Mesa Diretora da Casa, sob o argumento de “ou ele joga ou apita o jogo”.
Depois da fala de Kátia Abreu, ela e Calheiros sentaram-se ao lado de Alcolumbre, pressionando para que a decisão sobre a votação aberta fosse anulada. O democrata chegou a anunciar que deixaria a presidência da sessão quando a eleição começasse, mas só se a votação fosse mantida aberta. Alguns parlamentares que não são nem do DEM nem do MDB tentaram um acordo para levar os trabalhos adiante ainda nesta sexta-feira (1º/2). Não conseguiram.
Pressão por votação aberta
A votação secreta no Senado beneficia Renan Calheiros, pois muitos senadores, embora o considerem o candidato mais bem preparado para o posto, não querem estar ligados ao político, alvo de várias denúncias de corrupção.
Renan vem enfrentando vários protestos contra a possibilidade de presidir, pela quinta vez, o Senado Federal. Nesta sexta, houve uma pequena manifestação em frente ao Congresso Nacional (veja fotos abaixo). Com a destituição de Alcolumbre, deveria presidir a eleição o senador José Maranhão (MDB-PB), aliado de Renan e decano da Casa. Maranhão, contudo, disse que não conduzirá trabalho algum se os parlamentares não entrarem em acordo neste sábado (2).
Antes de deixar o Senado Federal, Kátia Abreu criticou a postura de David Alcolumbre e não respondeu se voltará à Casa neste sábado, atendendo a nova convocação acordada na noite desta sexta-feira. “Estamos confiando no Supremo [Tribunal Federal] para que ele decida se essa postura foi correta ou não. Aqui no nosso vizinho [plenário da Câmara], o deputado Rodrigo Maia foi eleito presidente com votação secreta. Não tenho problema em revelar o meu voto, mas defendo a garantia do voto ser secreto para evitar pressões de quem quer que seja”, disse, visivelmente contrariada.
Renan Calheiros, que recebeu o apoio dos colegas ao chegar à Casa nesta sexta (vídeo abaixo), deixou o plenário contrariado, sem poder comemorar o quinto mandato de presidente do Senado Federal.