“É preciso ter uma pacificação social”, diz indicado para chefiar AGU
André Luiz de Almeida Mendonça diz querer aprofundar os mecanismos de combate à corrupção, que ele define como “missão de vida”
atualizado
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Nome confirmado pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro, para chefiar a Advocacia-Geral da União (AGU), André Luiz de Almeida Mendonça, de 45 anos, diz querer aprofundar os mecanismos de combate à corrupção, que ele define como “missão de vida”.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Mendonça frisou que o papel da AGU é técnico e afirmou que “o fundamental vai ser construir um diálogo com o Judiciário, com o meio jurídico, a fim de que se consiga uma pacificação social à luz das políticas públicas que vierem a ser implementadas”.
Hoje consultor jurídico na Controladoria-Geral da União (CGU), Mendonça disse que irá trabalhar em parceria com o órgão e também com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, a ser chefiado por Sérgio Moro. O futuro advogado-geral recebeu uma mensagem de Moro logo após o anúncio público feito por Bolsonaro, em um indicativo de respaldo a seu nome.
O convite lhe foi feito pessoalmente pelo presidente eleito na sede da transição na manhã desta quarta-feira (21/11) quando ouviu de Bolsonaro que a escolha se baseou no histórico funcional e no currículo.
O presidente eleito fez ao longo da campanha várias declarações que levaram a reações do meio jurídico, de procuradores e juízes, alegando possíveis inconstitucionalidades Como o senhor vê algumas destas questões, como a redução da maioridade penal, fim de progressão de regime, instituir excludente de ilicitude prévia?
Como o papel da AGU é um papel mais técnico, o fundamental vai ser construir um diálogo com o judiciário, com o meio jurídico, a fim de que se consiga uma pacificação social à luz das políticas públicas que vierem a ser implementadas. Então, o fundamental nisso é o diálogo, a conversa, a busca do convencimento, mas de forma técnica e responsável, acho que esse é o papel da AGU.
A leniência será uma prioridade para o senhor?
Sou eu que supervisiono esses casos hoje, assessorando o ministro Wagner (Rosário, da CGU). Eu faço a orientação, tenho um trabalho forte, um dos capítulos na minha tese é negociação em casos de corrupção, deve ser publicado agora um livro na Espanha sobre isso. Então oriento tecnicamente o trabalho das comissões.
O ministro Wagner Rosário pensa em alterações legais que poderiam ajudar à leniência, como anistiar multas que informem ao Estado casos de corrupção que eram totalmente desconhecidos?
Alteração legislativa a gente pode eventualmente discutir. Certamente, da minha parte e do ministro Wagner. Vai ser muito em harmonia com o ministro Sérgio Moro. Já me coloquei à disposição nesse sentido. Ele me enviou mensagem e eu já retornei. É prematuro discutir qualquer alteração. O que há é uma harmonia. Ele tem um trabalho técnico e eu tenho um trabalho técnico. E é como técnicos que nós estamos ocupando essas instituições. Nosso compromisso é atuar de forma técnica, dentro dos parâmetros da legalidade, e da constituição. É nesse sentido que a gente vai trabalhar.
O senhor foi corregedor-geral da AGU na gestão Medina Osório, no governo Temer. Ao ser desligado da AGU, Osório disse que havia indisposição do governo para mover ações de improbidade contra políticos na Lava Jato. O senhor teve conhecimento de algo assim?
Não tenho conhecimento. Não atuava nessa área naquele momento. Não sei o que aconteceu e não vou me manifestar sobre o que eu não sei.
A pauta de Bolsonaro é combater a corrupção doa a quem doer. A AGU irá para cima de políticos citados em casos de corrupção?
Sobre o futuro, o que a gente precisa ter é um trabalho sério de combate à corrupção, com responsabilidade, sem acusações levianas, mas sem deixar de fazer o que tem de ser feito. Essa é a luta minha de vida, e certamente terei apoio do Bolsonaro, que já deu muitos sinais nesse sentido.
Pensando além da corrupção, qual será o seu objetivo na AGU?
Pretendo fazer um trabalho sério, dentro dos parâmetros da constituição e da legalidade e ajudar a construir um Brasil que seja mais justo e capaz de entender os desafios que ele tem, seja na área do desenvolvimento, seja na área da desburocratização, da simplificação de procedimentos. De ter uma AGU mais ágil, compromissada com o interesse público e capaz de viabilizar e dar segurança jurídica às políticas públicas de governo.
Como foi a conversa com Bolsonaro e que diretrizes ele passou?
Foi uma conversa muito boa, o presidente pensou o que eu penso da instituição e como a AGU pode ajudar o desenvolvimento do Estado Brasileiro, a melhoria das condições do povo brasileiro, e eu expus isso. A recomendação que ele passou foi de trabalhar com seriedade, em harmonia entre os poderes e de contribuir com o desenvolvimento do país.