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‘É lamentável que eles morram e levem os segredos’, diz ativista sobre Ustra

O ativista Ivan Seixas, diretor do Núcleo de Preservação da Memória Política, considera que a morte do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, do DOI-CODI de São Paulo, representa a perda de mais um protagonista dos porões que poderia ter indicado a localização de desaparecidos políticos. “Todo mundo tem a preocupação com o fato de (Ustra) […]

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O ativista Ivan Seixas, diretor do Núcleo de Preservação da Memória Política, considera que a morte do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, do DOI-CODI de São Paulo, representa a perda de mais um protagonista dos porões que poderia ter indicado a localização de desaparecidos políticos.

“Todo mundo tem a preocupação com o fato de (Ustra) ter sido ou não julgado pelos crimes que cometeu, mas acho que o mais importante não é o julgamento. É que essa gente diga onde estão os desaparecidos. Ele (Ustra) e outros estão morrendo e não estão falando. É lamentável que eles morram e levem com eles esses segredos.”

Seixas avalia que a morte de Ustra e de outros agentes da repressão nos anos de chumbo vai dificultar ainda mais a busca pelas vítimas do aparato de tortura que se instalou no DOI-CODI, no famoso endereço da rua Tutoia, em São Paulo. “São muitos anos de trabalho, é uma tarefa difícil a localização (dos desaparecidos). Aí tem que pegar uma informação aqui, outra ali, são fragmentos. Eles (os torturadores) têm que entender que a revelação dos locais onde estão os mortos da ditadura não vai piorar a situação deles, não vai agravar a acusação que já pesa contra eles.”

Ivan Seixas costuma dizer que ‘não entrou na luta, mas nasceu dentro dela’. Filho de um casal de militantes de esquerda que se conheceu no Partido Comunista Brasileiro (PCB), ele tinha apenas dez anos quando os generais tomaram o poder, em 1964. Seis anos depois, Ivan foi preso com o pai, Joaquim Alencar de Seixas. No DOI-CODI pai e filho foram torturados. Joaquim morreu. Ivan ficou preso até os 22 anos. Hoje, ele é um dos mais combativos militantes em busca de informações sobre os mortos e os desaparecidos.

“Quando (Ustra) vai para o comando da Operação Radar (1973/1976) ele torna-se responsável pela morte do comité do partidão, do PCB. Então, ele poderia ter elucidado isso. Seria uma coisa grande. O mais importante é saber onde estão os desaparecidos. Na Comissão da Verdade, ele teve a oportunidade de revelar todos esses dados, mas ficou calado, só disse ‘não’, ‘não’ e ‘não’. A morte (de Ustra) não frustra com relação ao fato de não ter sido julgado, mas porque ele se foi e não temos a localização dos corpos da repressão.”

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