metropoles.com

Doria desiste de usar “farinata” na merenda de escolas municipais

O composto alimentar produzido com alimentos próximos do vencimento foi alvo de críticas e questionamentos do Ministério Público

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Michael Melo/Metrópoles
O prefeito de Sao Paulo, Joao doria
1 de 1 O prefeito de Sao Paulo, Joao doria - Foto: Michael Melo/Metrópoles

A gestão João Doria (PSDB) desistiu nesta quinta-feira (19/10) de usar a farinata – composto produzido a partir de alimentos próximos ao vencimento – na merenda de escolas municipais de São Paulo. O recuo ocorreu um dia após o prefeito anunciar a ideia, que foi alvo de críticas de especialistas e de questionamento do Ministério Público Estadual (MPE). A proposta também não chegou a passar por avaliação da Secretaria Municipal de Educação.

Na quarta-feira (18) Doria havia anunciado que iniciaria o uso da farinata na merenda ainda neste mês. Mas em nota enviada na noite desta quinta-feira, a administração municipal não garantiu nem o uso do produto para a população carente, como inicialmente proposto na semana passada. Disse que a “eventual” distribuição da farinata “será de atribuição, principalmente, dos serviços municipais de assistência social” e usada na produção de pães, bolos e sopas.

Ainda segundo a Prefeitura, o plano municipal de erradicação da fome vai dar prioridade ao atendimento de famílias em situação de vulnerabilidade social, em especial aquelas com crianças de até 3 anos.

A ideia de usar a farinata na alimentação escolar gerou reações de especialistas, mães de alunos e do MPE, que havia aberto um procedimento para apurar a proposta de usar o composto alimentar nas escolas. Em um dia, o Ministério Público recebeu 57 representações por e-mail contra a proposta.

“Enquanto o mundo se move para uma alimentação saudável, nós estamos na contramão”, disse a educadora Paula Rodrigues, de 32 anos, mãe de Anahi, de um ano, aluna da rede municipal. Ela e outras dezenas de mães participaram de um ato contra a farinata na noite desta quinta-feira na Avenida Paulista, na região central, que reuniu quase cem pessoas. O grupo chamou o composto de “ração”.

Em visita à Goiânia, Doria disse nesta quinta-feira que não haveria “afobação” para implementar o programa e criticou o “aspecto ideológico” da discussão, “com manifestações do PSOL, do PT, dos partidos de esquerda”.

Críticas
Especialistas criticaram o fato de não terem sido dados detalhes sobre o programa nem sobre levantamento de alunos com mais necessidades nutricionais, por exemplo.

O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), do Ministério da Educação, por exemplo, prevê que a introdução de um novo alimento (exceto frutas e hortaliças) ou alterações no preparo devem passar por “teste de aceitabilidade” pelos alunos, sob coordenação de um nutricionista. O teste não pode ser aplicado em crianças com menos de 3 anos.

A definição do cardápio nas escolas municipais é de responsabilidade da Coordenadoria de Alimentação Escolar, da Secretaria de Educação, que não havia sido avisada sobre a ideia.

João César Castro, nutrólogo pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), ressalta que a obesidade infantil é mais comum do que a desnutrição. “Mesmo entre as famílias mais pobres a obesidade preocupa mais, porque elas optam pelos alimentos mais baratos que, em geral, são aqueles com muito açúcar, carboidrato e sódio.”

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?