“Dizem que seria um vírus vacinal”, afirma Bolsonaro sobre Ômicron
Especialistas destacam que variante da Covid-19, embora aparentemente menos letal, traz riscos de nova sobrecarga aos sistemas de saúde
atualizado
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Brasília e Eldorado – O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou na manhã deste sábado (22/1) que algumas pessoas, sem se referir a quais, dizem que a variante Ômicron, da Covid-19, “seria um vírus vacinal”.
“Temos agora a Ômicron. Já dizem – não sou eu que estou dizendo, são alguns – que seria um vírus vacinal. E estamos partindo para o fim [da pandemia]”, declarou durante conversa com a imprensa, em Eldorado, interior de São Paulo.
No início do mês, o chefe do Executivo deu uma declaração semelhante. “[A] Ômicron, que já espalhou pelo mundo todo, como as próprias pessoas que entendem de verdade dizem: que ela tem uma capacidade de difundir muito grande, mas de letalidade muito pequena”, disse.
Ele voltou a defender remédios sem a comprovação científica comprovada contra a Covid-19. “Tem um estudo dizendo que o tratamento com a ivermectina poderia ter salvo 65% das pessoas. Lamento isso não chegar pra grande mídia. Nem eu posso botar em mídias sociais. Tem ali a rede do Zap pra gente discutir. Ao que tudo indica, é verdade”, disse. “Por que a gente não pode conversar, por que tudo é fake news, mentira? É uma covardia.”
O que se sabe sobre a variante Ômicron e casos de Covid prolongada
Apesar da fala do presidente sobre a Ômicron, especialistas destacam que a nova variante, embora menos letal, traz riscos de nova sobrecarga aos sistemas de saúde. As últimas semanas no Brasil, por exemplo, têm sido marcadas por alta procura de testagem contra a Covid-19.
Segundo um estudo da rede Corona-ômica e da rede Vírus, ligadas ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), divulgado nessa sexta-feira (21/1), a variante Ômicron já é responsável por 97% dos casos da doença no país.
Os pesquisadores analisaram o material genético de 208.480 amostras de testes de detecção da Covid-19 coletadas entre 11 de novembro de 2021 e 6 de janeiro deste ano em todo o Brasil.
Os dados mostram a rapidez com que a variante se espalhou, impulsionando uma nova onda da pandemia no Brasil e em dezenas de países, com recordes diários de infecções. Em novembro, a Ômicron estava relacionada a apenas 3,4% dos casos suspeitos de infecção, passando para 67,5% já no mês seguinte.
O estudo comparou também a velocidade com que as cepas já encontradas no Brasil se espalharam. Enquanto a Delta, encontrada originalmente na Índia, levou cerca de 20 semanas para alcançar 100% dos casos positivos analisados, a a Ômicron conseguiu bater a mesma marca em apenas seis semanas.