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Distribuição de testes para Covid cai 52% enquanto Ômicron avança

O total de testes de Covid-19 entregues pelo Ministério da Saúde passou de 5,7 milhões de unidades em novembro para 2,7 milhões em dezembro

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testagem teste de CoViD 19 voltada a assintomáticos
1 de 1 testagem teste de CoViD 19 voltada a assintomáticos - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópolestestagem

No momento em que começou a avançar no país a variante Ômicron da Covid-19, o Ministério da Saúde reduziu em 52% o total de testes distribuídos para detectar a doença.

O volume passou de 5,7 milhões de unidades em novembro para 2,7 milhões em dezembro. A cepa foi identificada no Brasil pela primeira vez em 30 de novembro de 2021.

O total de insumos enviados aos estados e municípios no último mês do ano passado foi o menor desde agosto, quando foram entregues às secretarias de Saúde 791 mil unidades.

Especialistas entrevistados pelo Metrópoles alertam para a consequência da redução: quando a testagem cai, a subnotificação de casos cresce. Dessa forma, o Brasil, que sempre testou muito pouco para a doença, dispõe de dados menos condizentes com a realidade para lidar com a disseminação do vírus.

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Isso porque a alteração apresenta cerca de 50 mutações, mais do que as outras variantes identificadas até o momento
Segundo a OMS, a Ômicron é mais resistente às vacinas disponíveis no mundo contra as demais variantes e se espalha mais rápido
Dores no corpo, na cabeça, fadiga, suores noturnos, sensação de garganta arranhando e elevação na frequência cardíaca em crianças são alguns dos sintomas identificados por pesquisadores em pessoas infectadas
Em relação à virulência da Ômicron, os dados são limitados, mas sugerem que ela pode ser menos severa que a Delta, por exemplo
O surgimento da variante também é uma incógnita para cientistas. Por isso, pesquisadores consideram três teorias para o desenvolvimento do vírus
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Detectada pela primeira vez na África do Sul, a variante Ômicron foi classificada pela OMS como de preocupação

Andriy Onufriyenko/ Getty Images
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Isso porque a alteração apresenta cerca de 50 mutações, mais do que as outras variantes identificadas até o momento

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Segundo a OMS, a Ômicron é mais resistente às vacinas disponíveis no mundo contra as demais variantes e se espalha mais rápido

Peter Dazeley/ Getty Images
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Dores no corpo, na cabeça, fadiga, suores noturnos, sensação de garganta arranhando e elevação na frequência cardíaca em crianças são alguns dos sintomas identificados por pesquisadores em pessoas infectadas

Uwe Krejci/ Getty Images
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Em relação à virulência da Ômicron, os dados são limitados, mas sugerem que ela pode ser menos severa que a Delta, por exemplo

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O surgimento da variante também é uma incógnita para cientistas. Por isso, pesquisadores consideram três teorias para o desenvolvimento do vírus

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A primeira é que a variante tenha começado o desenvolvimento em meados de 2020, em uma população pouco testada, e só agora acumulou mutações suficientes para se tornar mais transmissível

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A segunda é que surgimento da Ômicron pode estar ligado ao HIV não tratado. A terceira, e menos provável, é que o coronavírus teria infectado um animal, se desenvolvido nele e voltado a contaminar um humano

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De qualquer forma, o sequenciamento genético mostra que a Ômicron não se desenvolveu a partir de nenhuma das variantes mais comuns, já que a nova cepa não tem mutações semelhantes à Alfa, Beta, Gama ou Delta

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Com medo de uma nova onda, países têm aumentado as restrições para conter o avanço da nova variante

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De acordo com documento da OMS, a Ômicron está em circulação em 110 países. Na África do Sul, ela vem se disseminando de maneira mais rápida do que a variante Delta, cuja circulação no país é baixa

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Mesmo em países onde o número de pessoas vacinadas é alto, como no Reino Unido, a nova mutação vem ganhando espaço rapidamente

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No Brasil, 32 casos foram registrados, segundo balanço divulgado no fim de dezembro pelo Ministério da Saúde

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Por conta da capacidade de disseminação da variante, a OMS orienta que pessoas se vacinem com todas as doses necessárias, utilizem corretamente máscaras de proteção e mantenham as mãos higienizadas

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A entidade ressalta ainda a importância de evitar aglomerações e recomenda que se prefiram ambientes bem ventilados

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No balanço anual, contudo, o volume de testes distribuídos aumentou de 20 milhões em 2020, para 36 milhões no ano passado. Desde o início da pandemia, o governo gastou R$ 1,6 bilhão com a compra do insumo.

Os dados foram analisados pelo Metrópoles, com base em material publicado pelo LocalizaSUS, plataforma de prestação de contas do Ministério da Saúde referente à pandemia, e consideram informações disponibilizadas até sexta-feira (7/1).

A importância da testagem

A comunidade médico-científica é categórica: a testagem da população é uma das principais medidas para acompanhar o avanço das infecções por coronavírus e controlar o surgimento de novas variantes.

O entendimento dos infectologistas é que a testagem consiste no instrumento mais adequado para a quebra da cadeia de transmissão em pessoas sem e com sintomas, pois, se o teste der positivo, o indivíduo é orientado a aderir ao isolamento.

Na prática, a testagem serve como subsídio para o tratamento dos acometidos pela enfermidade, para a identificação das variantes circulantes e para evitar que a transmissão avance sem controle.

Governo “joga gasolina na fogueira”

“Todos os países responderam de modo oposto: aumentaram a testagem para detectar mais facilmente e conter os casos positivos. Reduzir os testes é, de certa maneira, jogar gasolina na fogueira. Pessoas que não têm o diagnóstico positivo confirmado não se isolam e acabam espalhando bem mais um vírus altamente contagioso”, explica Breno Adaid, coordenador do mestrado profissional em administração do Centro Universitário Iesb e pós-doutor em ciência do comportamento pela Universidade de Brasília (UnB).

O professor ressalta que, com menos testes, o número real de casos fica mascarado e o aumento de infecções passa a falsa impressão de que não foi tão agressivo assim; no mundo real, porém, as contaminações dispararam.

“Pessoas com o positivo na mão entram nos protocolos de isolamento de suas empresas, cuidam-se para não transmitir aos outros. Já pessoas que não sabem sobre o diagnóstico continuam tendo de ir trabalhar, podem assumir que se trata de influenza e espalhar mais ainda o vírus”, salienta.

Breno Adaid acrescenta. “Todos os países desenvolvidos entenderam que é necessário aumentar a testagem pra controlar melhor a pandemia. O número fica assustadoramente alto e, inclusive, sensibiliza melhor a população. Números baixos mascarados levam a mais relaxamento e mais contágio ainda”, conclui.

Versão oficial

O Metrópoles perguntou ao Ministério da Saúde sobre a motivação da queda na distribuição de testes e como isso impacta no controle da pandemia. A pasta não se manifestou até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto.

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