Diretora-geral escolhe aliados para avaliarem uso de cartões do Senado
Ilana Trombka, que ocupa a função, foi a servidora com o segundo maior gasto no cartão corporativo em 2018
atualizado
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A diretora-geral do Senado, Ilana Trombka, instituiu um grupo de trabalho para ajudar a aprimorar o uso do suprimento de fundos da Casa, conhecido como cartão corporativo. A portaria com o ato foi publicada em 18 de fevereiro, um dia depois de o Metrópoles publicar reportagem denunciando o mal uso desse recurso, que incluiu a compra de whey protein feita por servidores da Secretaria-Geral da Mesa.
A força-tarefa foi criada para entregar, em 60 dias, um relatório que deve ajudar a sanar falhas apontadas em auditoria interna realizada em 2018. O grupo é composto por cinco servidores, sendo presidido por Ronaldo Souza Persiano, que compõe a assessoria técnica da diretoria-geral e é subordinado à diretora.
A informação apurada pela reportagem é que todos os membros do grupo são aliados de Ilana, responsável pelo gasto de R$ 62 mil com o cartão no ano da referida auditoria. No ranking de servidores que tiveram os maiores gastos, a diretora-geral aparece em segundo lugar, atrás apenas do mordomo da residência oficial da Presidência do Senado.
A reportagem publicada em 17 de fevereiro mostra que, por meio dos cartões, funcionários compraram suplementos alimentares para esportistas, como whey protein, mix de castanhas, chocolate fit e até flores. As compras foram realizadas pela diretora da Secretaria-Geral da Mesa, Ludmila Fernandes de Miranda Castro. Em 2018, os mesmo cartões bancaram almoços em restaurantes de alto padrão no Distrito Federal.
Outra publicação mostrou que o mordomo da residência oficial do presidente do Senado gastou, durante as presidências de Eunício Oliveira (MDB-CE) e Renan Calheiros (MDB-AL), até R$ 210 mil por ano com alimentos e produtos de limpeza para a mansão.
Grupo foi instituido para a… by on Scribd
Exonerações
No dia 18 de fevereiro, a assessoria do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM), informou que apura o uso irregular dos cartões. No entanto, ainda não há expectativa de que os servidores mencionados sejam retirados de suas funções.
Bandeira de Mello e Ludmila Fernandes, envolvidos na compra do Whey Protein, são concursados, mas estão na Secretaria-Geral da Mesa de forma comissionada. Já o mordomo Francisco Juarez Cordeiro Gomes está no Senado desde 2006, indicado para administrar a residência oficial pelo então presidente Renan Calheiros.
A reportagem apurou que Bandeira de Mello e a atual diretora-geral do Senado, Ilana Trombka – ligados ao ex-presidente Renan Calheiros –, já dão como certas suas saídas dos cargos comissionados. Na semana passada, os dois andaram de gabinete em gabinete, pedindo apoio aos senadores para continuarem nas funções de chefia.
Foram bem recebidos pela maioria dos parlamentares, mas já esperavam uma resistência por parte de Davi Alcolumbre: no dia da eleição à presidência do Senado, Alcolumbre exonerou Luiz Fernando Bandeira de Mello do cargo. A decisão do então candidato veio após Mello editar uma medida para que um “aliado” de Renan Calheiros, o senador José Maranhão, também emedebista, presidisse a eleição da Casa. No mesmo dia, o secretário-geral da Mesa voltou ao cargo.
Além do presidente do Senado, outros senadores informaram ao Metrópoles que apoiam intenção de investigar o uso dos cartões corporativos pelos servidores. Eles acreditam que a atitude deve mesmo partir da presidência, já que só ela seria superior à Secretaria-Geral.