Diretora do Senado recebe honorário de R$ 8 mil por atuação no BNDES
Ilana Trombka tornou-se conselheira na Finame, uma subsidiária do banco, em setembro de 2018
atualizado
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A diretora-geral do Senado, Ilana Trombka, tornou-se conselheira de um dos braços do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) em setembro de 2018. Apesar da vasta experiência no serviço público, o currículo da servidora destoa da formação dos outros cinco colegas que compõem o colegiado. A participação no conselho garante a Ilana honorário entre R$ 8 mil e R$ 9 mil por mês. Em fevereiro, só no Senado, ela recebeu remuneração líquida de R$ 28,3 mil.
A Agência Especial de Financiamento Industrial S.A (Finame) é uma subsidiária do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) que oferece financiamentos para aquisição de máquinas e equipamentos para empresas credenciadas. O Conselho de Administração, onde atua Ilana, é o órgão de orientação superior da Finame.
O BNDES afirma que a indicação foi feita pela diretoria do banco. Segundo publicação da revista Crusoé, no entanto, o nome de Ilana foi “soprado” pelo ex-presidente do Senado Eunício Oliveira (MDB-CE). De acordo com o quadro de remunerações disponibilizado pelo BNDES, de janeiro de 2017 até a nomeação, havia apenas cinco vagas no conselho.
Enquanto as formações acadêmicas dos demais conselheiros são nas áreas de matemática, estatística, engenharia e economia, a diretora-geral do Senado possui graduação em relações públicas, mestrado em comunicação social e especialização em direito. Somente esta última área é citada como preferencial na regulamentação da Lei nº 13.303 de 2016, conhecida como Lei das Estatais.
Sobre o currículo de Ilana, o BNDES informou que o nome da conselheira foi avaliado pelo Comitê de Elegibilidade em agosto de 2018. E, na ocasião, constatou-se a presença de todos os requisitos para a ocupação da vaga.
Upgrade no currículo
A diretora-geral do Senado traz em seu currículo diversas participações enquanto servidora da Casa. Entre elas, está o curso com foco em Liderança (Amanainsights) e Coaching, pela Amana-Key. Conforme revelado pelo Metrópoles, Ilana viajou três vezes, durante o ano de 2018, para participar da programação. Em março de 2018, o Senado desembolsou R$ 350 mil para o treinamento de 30 servidores.
Também estão no resumo da carreira da servidora, viagens ao exterior pagas pelo Senado. Um dos destinos foi Israel, para participar da Conferência de Diretores-Gerais e Secretários-Gerais dos Parlamentos, em fevereiro de 2018. Só no ano passado, ela gastou R$ 43 mil em passagens e R$ 32 mil em diárias.
Experiência em gestão
Por nota, a assessoria de imprensa do Senado informou que as experiências profissionais de Ilana, relacionadas ao campo de gestão, conferem a ela experiência e enriquecem as qualificações do corpo de conselheiros.
Ainda segundo o texto encaminhado ao Metrópoles, a partir da entrada da conselheira, os extratos de atas de assembleia foram disponibilizados ao público. Essa característica, afirma a assessoria, é reconhecida como transparência na gestão.
“A análise de estudos e de pareceres de controle interno, algo com que Ilana Trombka está habituada em seu papel de gestora de órgão público, igualmente significa contribuição ao Conselho de Administração da Finame, eventualmente integrado, em sua maioria – como afirma a jornalista –, por especialistas em áreas diversas, não necessariamente relacionadas à gestão”, diz a nota da assessoria do Senado.