Diogo Mainardi acusa Prevent Senior de tentar ocultar morte de seu pai
Empresa é investigada por supostamente ter ocultado óbitos em estudo sobre uso da cloroquina para tratar a Covid
atualizado
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O colunista Diogo Mainardi, do site O Antagonista, declarou que a morte de seu pai, o publicitário Enio Mainardi, foi ocultada pela Prevent Senior.
Em um artigo intitulado A vala comum do bolsonarismo, o jornalista revelou que o seu pai era cliente da administradora de planos de saúde. A empresa é alvo de investigações por supostamente pressionar seus médicos conveniados a tratar pacientes com os remédios sem eficácia. Também é acusada de ocultar mortes por Covid em estudo da hidroxicloroquina.
No desabafo, o jornalista diz que teve medo de trazer à tona a informação, já que quando revelou que o pai Enio Mainardi havia falecido por causa do coronavírus, sofreu acusações de que estaria mentindo sobre a causa da morte. “O motivo pelo qual hesitei em escrever sobre a Prevent Senior foi esse meu envolvimento pessoal e direto”, relatou Diogo.
“Falei diversas vezes sobre a morte de meu pai, sem o menor constrangimento, mas não citei o plano de saúde porque meu juízo estava envenenado pela dor. Além disso, eu queria evitar que seu nome fosse novamente conspurcado pelos bolsonaristas, que o usaram para acobertar seus crimes”, continuou o colunista.
Enio Mainardi morreu no dia 8 de agosto, vítima do coronavírus, que segundo Diogo teria contraído no Hospital Sancta Maggiore, em São Paulo, onde deu entrada com pneumonia. De acordo com o texto, os médicos de Enio afirmaram que a doença havia comprometido o único rim do pai.
No texto, Diogo diz que depois da acusação da CPI da Covid contra a Prevent Senior, na qual a administradora se tornou suspeita de ter fraudado os atestados de óbito de Anthony Wong e Regina Hang, ele se sentiu motivado a escrever sobre o caso. “Assim como meu pai, eles estavam internados no hospital Sancta Maggiore. Assim como meu pai, houve a tentativa de ocultar a causa de suas mortes”, lamentou Diogo.
O colunista defendeu ainda uma intervenção judicial na administradora de planos de saúde, assim como o afastamento dos diretores da empresa.
De acordo com a denúncia de um grupo de 12 médicos, o protocolo da Prevent Senior consistia em administrar medicamentos sem eficácia contra o coronavírus aos pacientes. Quem não se curasse da primeira vez com o kit Covid, composto de hidroxicloroquina, ivermectina, vitaminas e prednisona, era submetido a mais dois combos, todos sem eficácia científica comprovada.
Os 12 médicos que denunciaram a prática começaram a ser orientados a usar tais protocolos em 25 de março de 2020. Transformar pacientes com Covid-19 em cobaias é uma das denúncias contra a Prevent Senior, plano de saúde que fechou 2020 com faturamento líquido de R$ 4,3 bilhões e 505 mil beneficiários.
Wong e Hang
Segundo reportagem da revista Piauí, a causa da morte do médico Anthony Wong foi ocultada por 123 médicos da Prevent Senior. Os profissionais atuaram em seu tratamento, mas mantiveram em sigilo que ele havia recebido o tratamento precoce, terapias experimentais e a causa da morte.
Inicialmente, Wong foi hospitalizado com queda de pressão e mal-estar, mas logo recebeu o diagnóstico de úlcera gástrica e hemorragia digestiva após ser internado. “Durante a internação, evoluiu com quadro de descompensação do padrão cardíaco e padrões de fibrilação atrial”, informa o prontuário. A médica responsável pelo seu tratamento era Nise Yamaguchi, investigada pela CPI.
Já Regina Hang, mãe do empresário bolsonarista Luciano Hang, teria tido o atestado de óbito adulterado a mando do empresário dono das lojas Havan. Regina morreu em fevereiro deste ano.
Embora o prontuário indique que a mãe de Luciano Hang teve Covid-19, a doença não consta do atestado de óbito, contrariando recomendação expressa do Conselho Federal de Medicina.
Segundo o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), Luciano Hang pediu aos médicos que não revelassem que sua mãe fizera o tratamento precoce. O objetivo, ainda segundo Renan, seria não desmoralizar publicamente o uso da hidroxicloroquina e da ivermectina.
As revelações foram feitas na última quarta-feira (22/9) pela CPI da Covid-19. Luciano Hang foi convocado a depor na comissão, na próxima quarta-feira (29/9).