Dilma Rousseff mantém movimentação por plebiscito
No pronunciamento de quarta (31/8), depois do julgamento no Senado, ex-presidente deixou as “Diretas Já” de fora. Mas Dilma pretende viajar pelo país e participar de manifestações em defesa do plebiscito
atualizado
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Contrariando a cúpula do PT, a presidente cassada Dilma Rousseff vai manter erguida a bandeira do plebiscito por eleições diretas depois que deixar o Palácio da Alvorada. A movimentação de Dilma pós-impeachment deve acentuar a divisão interna do partido.
No pronunciamento feito na quarta-feira (31/8), depois do julgamento no Senado, Dilma deixou as “Diretas Já” de fora propositalmente. Mas assim que voltar de um período de descanso, a ex-presidente pretende viajar pelo Brasil e participar de manifestações em defesa do plebiscito.Na semana passada, a Executiva Nacional do PT ignorou o tema. Antes o presidente do partido, Rui Falcão, se manifestou contra a ideia, abrindo uma crise entre o partido e o Alvorada.
Por outro lado, a esquerda petista, liderada pela Mensagem ao Partido, defende o plebiscito e promete dar palanques para Dilma carregar a bandeira. Alguns dos aliados mais próximos de Dilma, como os ex-ministros José Eduardo Cardozo e Miguel Rossetto, são da Mensagem.
Redes sociais
A Executiva do PT volta a se reunir nesta sexta-feira (2/9) para avaliar o julgamento no Senado. Na quarta, o partido não se manifestou oficialmente sobre o tema, mas divulgou em suas redes sociais críticas à decisão dos senadores, trechos do pronunciamento de Dilma e convocações para protestos em todo o Brasil.
Falcão disse, por meio das redes sociais, que o resultado da segunda votação de quarta-feira no Senado, que manteve os direitos políticos da presidente cassada, seriam suficientes para a manutenção do mandato da petista.
O primeiro voto foi o da vergonha; o segundo, o que restava de consciência: 36 votos e 3 abstenções não cassariam Dilma.
— Rui Falcão (@rfalcao13) August 31, 2016
Além de Falcão, outros dirigentes e lideranças do PT se posicionaram por meio das redes sociais. “Dia infeliz da nossa história. 52 anos e dois meses depois, um novo golpe deflagrado no Brasil”, disse o deputado federal Paulo Teixeira (SP), vice-presidente da legenda, em alusão ao golpe militar de 1964.
“A aprovação do impeachment é um lamentável desrespeito ao voto popular direto e às regras do jogo democrático. Essa página da história brasileira ficará inconclusa até que se faça justiça à imagem de ‘Dilma coração valente’”, disse o ex-ministro Edinho Silva.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também não se manifestou, segundo assessores, para não ofuscar o contundente pronunciamento de Dilma.
Um dos trechos do discurso (escrito a oito mãos com assessores) contempla parte da agenda petista. Ao conclamar os “progressistas a continuarem a luta todos juntos, independente de filiação partidária”, Dilma antecipa a estratégia da sigla de criar frentes de esquerda.