Dilma prepara pronunciamento contra “ruptura institucional”
Sem esperança de vencer a batalha, Dilma ainda não redigiu o texto, mas planeja reiterar o argumento de que a democracia está sendo ferida de morte por um golpe de Estado
atualizado
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A presidente afastada Dilma Rousseff já prepara um pronunciamento para fazer após o julgamento do processo de impeachment. Sem esperança de vencer a batalha, Dilma ainda não redigiu o texto, mas planeja reiterar o argumento de que a democracia está sendo ferida de morte por um golpe de Estado.
O pronunciamento deverá ser feito no Palácio da Alvorada e divulgado nas redes sociais. O tom será emocional, na linha de que a história fará justiça à primeira mulher eleita presidente.
Apelo
Apesar da expectativa desfavorável sobre sua sentença, a presidente afastada fez, na terça (30/8), vários telefonemas para senadores. A todos, apelava para que não a condenassem sem provas. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva permaneceu em Brasília e procurou os que se diziam indecisos, além de dirigentes de partidos.
Lula tinha expectativa de que a bancada do Maranhão – detentora de três votos – pudesse apoiar Dilma. Após a primeira conversa que teve com o senador Edison Lobão (PMDB-MA), porém, o presidente interino Michel Temer fez pressão sobre os três maranhenses.
Ex-ministro de Minas e Energia nos dois governos do PT, Lobão avisou Lula que não seria possível votar contra o impeachment. Um dirigente do PT disse ao jornal O Estado de S. Paulo que o ex-presidente previa há tempos o desfecho desta crise, mas tentou até o último minuto virar votos para não ser acusado de abandonar Dilma.
Reunião
Dilma convocou uma reunião para a manhã desta quarta-feira (31), no Palácio da Alvorada. O objetivo, segundo convidados, é fazer um agradecimento às lideranças políticas e aos movimentos sociais que a apoiaram durante o processo do impeachment e apontar seus rumos para o futuro.
A expectativa é de que ao menos 50 pessoas participem do encontro com Dilma, dentre elas integrantes das frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, ex-ministros, parlamentares e dirigentes petistas. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que permanece em Brasília tentando convencer senadores a votar contra o impeachment, também deve participar.
Aliados de Dilma consideraram um sucesso a ida da presidente afastada ao Senado na segunda (29). Eles avaliaram que o discurso e a postura de Dilma reforçaram a narrativa do “golpe” e deram fôlego para a união de partidos e movimentos de esquerda na oposição ao governo Temer. A Frente Brasil Popular do Distrito Federal convocou para o mesmo horário uma manifestação na frente ao Alvorada.