metropoles.com

Dilma mudou de opinião sobre Angra 3 após rejeitar obra

Enquanto era Ministra de Minas e Energia, em 2005, considerava a energia nuclear muito cara e dava preferência a outras alternativas existentes, como hidrelétricas e térmicas

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Lula Marques/ Agência PT
Dilma Rousseff
1 de 1 Dilma Rousseff - Foto: Lula Marques/ Agência PT

A retomada da construção da usina nuclear Angra 3 – cujos contratos estão na mira da Polícia Federal, do Ministério Público e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) na Operação Lava Jato – contou com o aval da presidente Dilma Rousseff, então ministra da Casa Civil, em voto no Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).

O CNPE, composto por 14 conselheiros, sendo nove ministros de Estado, tem a função de assessorar a presidência da República sobre questões nacionais de energia. Em 2007, a recomendação favorável do órgão possibilitou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizasse oficialmente a retomada do projeto, paralisado desde a década de 1980.

A discussão sobre Angra 3 se arrastou por anos no conselho. Em 2005, ainda ministra de Minas e Energia do governo Lula, Dilma resistiu à realização da obra, divergindo de José Dirceu – condenado no mensalão e preso preventivamente na Lava Jato –, então seu colega de Esplanada. Dirceu chegou a pedir vista da discussão ao deparar com dois votos contrários à usina no Conselho: o de Dilma e o de Marina Silva, então ministra do Meio Ambiente.

Dilma considerava a energia nuclear muito cara e dava preferência a outras alternativas existentes, como hidrelétricas e térmicas. Segundo um representante de ministério que participou das reuniões do CNPE, Dilma levava muito em consideração a questão dos custos na definição de políticas energéticas. Por essa razão, não deu prioridade ao uso de energia eólica e de biomassa, que eram mais caras na época.

Em declaração publicada pela Agência Estado em 2005, a então ministra de Minas e Energia justificou sua opinião contrária à conclusão do projeto da terceira usina nuclear no complexo de Angra: “Do ponto de vista do meu ministério, não tem o menor sentido escolher Angra 3 como a fonte que seja economicamente a mais barata neste momento. É essa a nossa posição”.

Com a saída de Dirceu do governo e a ida de Dilma para a Casa Civil, chegou-se a especular que Angra 3 não sairia do papel. Casa Civil e Minas e Energia eram considerados os ministérios de voz mais ativa no âmbito do CNPE. Em 2007, Dilma adotou uma nova posição no conselho, favorável à obra. O único voto contrário veio de Marina Silva, que deixaria o Ministério do Meio Ambiente no ano seguinte.

O ministro de Minas e Energia na ocasião era Nelson Hubner, que havia sido chefe de gabinete de Dilma na pasta. Ele assumiu o cargo interinamente, após a saída de Silas Rondeau, envolto em investigações sobre fraude em licitações. Rondeau indicou para a presidência da Eletronuclear o vice-almirante Othon Pinheiro, personagem central nas investigações da Polícia Federal. As investigações apontam pagamento de, ao menos, R$ 4,5 milhões em propina ao “Almirante” de grandes empreiteiras ganhadoras do consórcio para realizar as obras de Angra 3. A suspeita é de que a propina pelo negócio chegue na casa dos R$ 30 milhões.

Partido
Em 2008, o Ministério de Minas e Energia passou para as mãos de Edison Lobão – um dos principais investigados na Operação Lava Jato, suspeito de articular recebimento de repasses para o PMDB oriundos das empreiteiras envolvidas no cartel da Petrobrás e da Eletronuclear.

As obras só foram retomadas de fato em 2010, após o Tribunal de Contas da União (TCU) ter aprovado o andamento do projeto, em 2009.

Atualmente, procuradores e policiais federais investigam o pagamento de propina por parte da UTC Engenharia ao advogado Tiago Cedraz – filho do presidente do TCU, Aroldo Cedraz -, para influenciar positivamente o andamento das obras. A empresa fez parte do consórcio vencedor do projeto.

Procurada por meio de sua assessoria de imprensa, a presidente não respondeu aos questionamentos da reportagem até o momento. O Ministério de Minas e Energia, responsável por presidir as reuniões do CNPE, não registra em ata os encontros anteriores a 2008, tampouco faz registro em áudio das reuniões, segundo resposta encaminhada ao Estado, após pedido por meio da Lei de Acesso à Informação.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?