Dilma diz que não indicou Cerveró e que ‘não sabia de tudo’ sobre Pasadena
A presidente afirma que ficou “perplexa” com a prisão de Delcídio Amaral. É a primeira vez que ela faz uma declaração sobre o assunto após a prisão do senador
atualizado
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A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta segunda-feira (30/11), que ficou “perplexa” com a prisão do senador Delcídio Amaral, líder do PT no Senado, e voltou a garantir que não indicou o ex-diretor de Internacional da Petrobras Nestor Cerveró para ocupar o cargo na estatal e que “não sabia de tudo” no momento da compra da refinaria de Pasadena.
As declarações são as primeiras feitas pela presidente Dilma Rousseff a respeito do caso desde a prisão do senador e da revelação do áudio gravado por Bernardo Cerveró, no qual o jovem afirma que seu pai escreveu em sua delação premiada que a presidente “sabia de tudo” sobre a compra da refinaria. Dilma afirmou primeiro que não indicou Cerveró à direção da Petrobras, contrariando a versão de Delcídio no áudio gravado. “Eu não indiquei Nestor Cerveró para a diretoria da Petrobras. Eu acredito que o senador Delcídio se equivoca. Ele não é minha indicação, ele não é da minha relação, e isso é público e notório”, argumentou.
Desconhecidos
Dilma fez ainda questão de frisar que não tinha relações com Cerveró anteriores à sua nomeação. “Eu não tenho relação com Nestor Cerveró”, reiterou. Questionada sobre por que Cerveró afirmara que a presidente estava informada, Dilma disse: “Eu acho que ele pode não gostar muito de mim.”
Sobre a prisão do senador, Dilma afirmou ter ficado “perplexa” ao receber a notícia. “Obviamente fiquei bastante surpresa com a prisão do senador Delcídio”, disse, descartando ter medo de que sua eventual delação premiada prejudique seu governo. “Não tenho nenhum temor com a delação do senador Delcídio. Fiquei perplexa porque jamais esperei que pudesse acontecer com o senador Delcídio.”
A presidente também descartou que a prisão do ex-diretor-presidente do banco BTG Pactual André Esteves possa provocar novas revelações de corrupção relacionadas ao seu governo. “No que se refere ao outro preso, que é CEO do banco BTG, eu o conheci muito mal. Não tive relações sistemáticas com ele”, argumentou, lembrando que encontrou-se com o banqueiro em fóruns empresariais. “Aliás, o conheci em fóruns, como o de Davos.”
Questionada sobre se a prisão do senador pode impedir ou prejudicar o trâmite de projetos como o ajuste fiscal no Congresso, a presidente disse que sua prisão provoca um impacto pelas boas relações que o parlamentar tinha com a base aliada e até mesmo com a oposição, mas que o governo segue em frente. “O senador Delcídio era de fato uma pessoa bastante bem relacionada no Senado. Nós o escolhemos porque ele era bem relacionado, inclusive com a oposição”, reconheceu. “Mas, infelizmente, nenhum de nós é insubstituível. As questões com o Congresso vão se dar normalmente, (…) vai desempenhar sua função em relação à economia do País, às suas funções no País.”