Devendo à Lava Jato, Vaccarezza cria “vaquinha” para sua campanha
Ex-deputado, investigado e detido no ano passado, deixou a prisão sem pagar fiança de R$ 1,5 milhão determinada pelo juiz Sérgio Moro
atualizado
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Investigado pela Operação Lava Jato por supostas propinas no total de US$ 500 mil em contratos para fornecimento de asfalto à Petrobras, proibido pelo juiz federal Sérgio Moro de exercer cargo ou função na administração pública direta ou indireta e devendo uma fiança de R$ 1,5 milhão, Cândido Vaccarezza (Avante) está recolhendo valores para sua pré-campanha a deputado federal. O ex-líder dos governos Lula e Dilma na Câmara criou um grupo no WhatsApp, o Lista Vaquinha 1.
“Já começou o período eleitoral, nós estamos agora na fase da pré-campanha. Você me conhece, fui deputado federal por dois mandatos, deputado estadual por dois mandatos e tenho a honra de ter contribuído com minha ação parlamentar para melhorar a qualidade de vida da população, para melhorar a qualidade do legislativo no Brasil. Agora, sou pré-candidato a deputado federal. Você me conhece, estou pedindo a sua contribuição, participe da vaquinha virtual”, pede Vaccarezza, em vídeo.
No site indicado pelo ex-deputado, é possível contribuir com os valores de R$ 30, R$ 50, R$ 100, R$ 300, R$ 500, R$ 700, R$ 950 e R$ 1.064.
Por meio do aplicativo, Vaccarezza também divulgou um vídeo com cerca de dois minutos. As imagens foram publicadas inicialmente em sua rede social. “Nos últimos 3 dias, fiz diversas reuniões com lideranças da cidade de São Paulo. E, ontem à noite, realizamos uma grande convenção do nosso partido”, informa Vaccarezza. “Foi uma grande festa e uma busca de soluções para São Paulo e para o Brasil.”
Em um trecho de seu discurso, o ex-deputado afirma: “Nossa chapa vai eleger uma boa bancada de deputados federais, vai eleger uma boa bancada de deputados estaduais”.
“Temos uma direção constituída que sabe onde quer chegar. Vou lembrar um poeta brasileiro: ‘quem sabe aonde quer chegar, procura certo o caminho e o jeito de caminhar’. Nós acertamos ao fazer nossa chapa, nós acertamos ao criar o Avante”, disse Vaccarezza.
“Nós acertamos em não procurar a ilusão de salvadores da pátria. Não tem um problema no Brasil que seja problema para se resolver com salvador. O jeito é fulano ou o jeito é beltrano. Nós temos problemas de médio prazo que vamos resolver com partido político como o nosso”, assinalou o político.
Prisão
Cândido Vaccarezza foi preso em agosto do ano passado na Operação Abate, 44ª fase da Lava Jato. Ele é investigado por supostas propinas de US$ 500 mil oriundas de contratos para o fornecimento de asfalto à Petrobras. Segundo a força-tarefa, o ex-deputado colocou “seu mandato eletivo à venda para intermediar contratos com a Petrobras ou com outras entidades da administração pública direta ou indireta”.
Após cinco dias custodiado, Vaccarezza foi solto pelo juiz Moro, que considerou problemas de saúde alegados pelo ex-deputado e impôs medidas cautelares. Em 22 de agosto de 2017, o magistrado determinou a “proibição do exercício de cargo ou função pública na administração pública direta ou indireta, o compromisso de comparecimento a todos os atos do processo, a proibição de deixar o país, com a entrega do passaporte a este Juízo em 48 horas, a proibição de contatos com os demais investigados, salvo familiares, e a proibição de mudança de endereço sem autorização do Juízo”.
Ao soltar o ex-deputado, o juiz Sérgio Moro também estipulou uma fiança de R$ 1,5 milhão. Em março deste ano, o Ministério Público Federal requereu ao magistrado que concedesse um prazo de cinco dias para que o deputado pagasse o montante. A força-tarefa da Operação Lava Jato solicitou que, caso não houvesse pagamento, Vaccarezza fosse colocado em prisão domiciliar “considerando o estado de saúde do investigado”.
Em maio deste ano, Moro anotou em um despacho que decidiria sobre a fiança de Vaccarezza. Até o momento, o processo da Lava Jato não registrou o pagamento da fiança do ex-deputado.
Quando foi solto por Moro, o político afirmou que havia pedido afastamento do cargo de presidente estadual do Avante. “A defesa de Cândido Vaccarezza informa, por meio de nota, que ele apresentou, nesta data, ao presidente do Avante, seu pedido de afastamento da função de presidente do Diretório Estadual do partido em São Paulo. A decisão permitirá que ele se dedique exclusivamente ao seu tratamento de saúde e a sua defesa”, disse os defensores de Vaccarezza na época.