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Deputados repudiam mudança de jornalistas para subsolo do Congresso

A decisão foi tomada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, que ordenou a mudança para esta quinta-feira (11/2)

atualizado

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O deputado federal e candidato à presidência da Câmara Arthur Lira (PP), durante coletiva de imprensa na Associação Comercial de São Paulo, na região central, nesta tarde de quinta-feira (21).
1 de 1 O deputado federal e candidato à presidência da Câmara Arthur Lira (PP), durante coletiva de imprensa na Associação Comercial de São Paulo, na região central, nesta tarde de quinta-feira (21). - Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

Na sessão desta quarta-feira (10/2), vários deputados federais, de partidos tanto de esquerda, como de direita, tentaram fazer com que o presidente da Casa não leve à frente a ideia de desalojar os jornalistas do comitê de imprensa, localizado ao lado do Plenário Ulysses Guimarães, transferindo os profissionais da imprensa para o subsolo da Câmara.

O vice-líder do MDB na Câmara, deputado Hildo Rocha (MDB-BA), classificou como antidemocrática e pediu que o atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), coloque em votação a decisão de despejar ainda nesta semana os profissionais de imprensa.

“Esse palácio do Congresso Nacional foi inaugurado no dia 21 de abril de 2960, ou seja, tem 60 anos. Há 60 anos a imprensa brasileira ocupa esse espaço que vossa excelência quer ocupar, fazer sua sala de presidente. Ali é muito grande para comportar apenas uma pessoa. Ali funciona o comitê de imprensa com mais de 60 pessoas a cada turno”, argumentou o deputado.

Mais cedo, Lira tentou se esquivar da responsabilidade da decisão e disse que a mudança já estava decidida antes de ele assumir seu mandato.

“Deputado Hildo, vossa excelência é sempre democrático. Só solicito a vossa excelência realmente procure ver como foi praticado o ato, de quando é o ato”, disse Lira, referindo-se a tentativas anteriores e estudos encomendados por outros presidentes para se tomar tal medida.

Rocha rebateu: “Muito bem, já que a decisão não foi de vossa excelência, ponha em votação aqui no plenário da Câmara para que nós possamos decidir onde vai ficar os profissionais de imprensa. Não é possível que vossa excelência queira botar nos porões desta casa os profissionais da imprensa. Eles merecem muito mais, merecem respeito, merecem consideração e merecem nosso carinho”, destacou o deputado.

Mais cedo, a deputada Erika Kokay (PT-DF) também usou a tribuna do plenário para defender a permanência dos jornalistas no comitê, ao lado do Plenário.

“O presidente da Câmara tem medo da imprensa, quer fugir da imprensa, está desalojando a imprensa do lugar que ela ocupa desde sempre porque quer fugir da imprensa, porque não tem como justificar inclusive que aqui tem um sabujo do presidente da República, dando prioridade à independência do Banco Central contra o povo brasileiro. Quer entregar o Banco Central para o mercado”, disse a petista.

Reação

Lira reagiu aos apelos: “Todos os partidos sabem das dificuldades que esta casa vive com gabinetes sem banheiros para parlamentares, lideranças com espaços diminutos, outras lideranças com espaços sobrando, espaço de 70 deputados para 30, partidos que saíram do espaço de 30 deputados para 50”.

“Deputados que reclamam tanto de espaço não vão achar ruim quando a Mesa decidir que o metro quadrado será dividido igualmente pelas lideranças partidárias. Projeto é da mesa anterior. Parabenizo pela organização dos gabinetes desta Casa, todas as presidências funcionando organizadamente, setores de diretoria funcionando com dignidade”, continuou.

E justificou: “Não há nenhum problema no lugar que foi oferecido à imprensa. Uma sala de 107 m² com copa, com banheiro, com sistema analógico, todo sistema virtual, com 40 baias”, disse o presidente.

“Nessa Casa nunca cerceamos direito de cobertura de ninguém. Aqui é o lugar onde a presidência se comunica com o Plenário, está mais perto do Plenário e dos senhores deputados. O que a imprensa reclama é que não pode ficar distante do plenário, mas nós vamos dialogar como sempre fizemos para acharmos solução viável que atenda a todos. A imprensa representa a veiculação e distribuição do que acontece aqui”, disse Lira.

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Funcionário da Câmara mediu o mobiliário do comitê de imprensa para verificar se cabe em local no subsolo
Funcionário da Câmara mediu o mobiliário do comitê de imprensa para verificar se cabe em local no subsolo
Planta do atual comitê de imprensa localizado ao lado do Plenário Ulysses Guimarães
O líder do Novo, Vinícius Poit (SP), esteve no comitê de imprensa para ouvir a demanda dos jornalistas
O líder do Novo, Vinícius Poit (SP), esteve no comitê de imprensa para ouvir a demanda dos jornalistas
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Funcionário da Câmara mediu o mobiliário do comitê de imprensa para verificar se cabe em local no subsolo

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Desde a década de 1960, o Comitê de Imprensa se localiza ao lado do Plenário Ulysses Guimarães

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Jornalistas de vários veículos trabalham, desde a década de 1960, no Comitê de Imprensa se localiza ao lado do Plenário Ulysses Guimarães

Reprodução

A mudança está marcada para esta quinta-feira (11/2), apesar de não haver nenhum espaço estruturado para o trabalho dos jornalistas. Nesta quarta-feira, um funcionário da Câmara iniciou a medição do mobiliário para verificar se cabe no espaço do subsolo oferecido.

Apesar de determinada por Lira, não há um orçamento para a reforma das instalações. A ideia do presidente é transformar o espaço onde hoje funciona do comitê  em um gabinete para a Presidência da Casa. Isso garantiria que ele não precise atravessar o Salão Verde, local onde tradicionalmente ocorrem as entrevistas, para chegar ao Plenário.

Nesta quarta-feira, o líder do Novo foi até o comitê para ouvir as demandas dos jornalistas e prometeu tentar intervir para que a mudança não seja realizada.

Memorando

Também a bancada do PSol enviou memorando ao presidente pedindo que ele reveja a decisão de mudar de local o comitê de imprensa.

No documento, o partido destaca que o trabalho da imprensa é fundamental para a democracia, por ampliar para além das paredes da Câmara dos Deputados as discussões travadas na Casa Legislativa.

“Dificultar o trabalho da imprensa resulta imediatamente na diminuição da transparência desta Casa e levanta suspeitas sobre os interesses que movem esta decisão”, afirma a bancada.

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