Deputados reagem à saída de Moro e especulam campanha em 2022
No discurso de despedida, o ex-juiz Sergio Moro acusou o presidente da República de querer controlar politicamente a Polícia Federal
atualizado
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Muitos deputados usaram as redes sociais para comentar o pedido de demissão do ex-ministro da Justiça Sergio Moro nesta sexta-feira (24/04). O ex-juiz anunciou nesta manhã a saída do cargo e o que o motivou a fazê-lo. Uma das razões apontadas foi a de que o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), queria controlar politicamente a Polícia Federal.
Ex-aliada do presidente da República e admiradora de Moro, a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) afirmou que começou nesta sexta a campanha do ex-ministro nas eleições de 2022.
No Twitter, ela chamou o ex-magistrado e agora ex-ministro de “herói nacional”, porque não se “alia a corruptos, não abafa investigações e não negocia com bandidos”. “O governo perde seu maior ativo moral. Mas o Brasil ganha o melhor candidato para a presidência da República”, escreveu.
A bolsonarista Carla Zambelli (PSL-SP) lamentou a saída de Moro, agradeceu o trabalho “exemplar” do ex-juiz e ressaltou sua “profunda admiração” por ele. “Não só por ser meu padrinho de casamento, mas principalmente pela sua conduta exemplar de cidadão, juiz e ministro. Sempre terá minha profunda admiração, bem como a gratidão de todos os brasileiros de bem. Obrigada, Moro!”, declarou.
Vice-líder do PL na Câmara, Marcelo Ramos (AM) afirmou que o discurso de Moro foi “muito grave” e sinalizou preocupação para a crise política e institucional que a saída dele gerará durante a pandemia do novo coronavírus: “Moro não deu uma coletiva. Ele fez uma delação premiada! Um ministro dizer que o presidente trocará o Diretor da PF por ter interesse de interferir em inquéritos é muito grave”.
Críticas e impeachment
Para deputados da esquerda, o discurso de Moro é motivo para que o Congresso Nacional abra um pedido de impeachment contra Bolsonaro. O deputado Glauber Braga (PSol-RJ) afirmou que esses diálogos de interferência na PF são antigos e, nas ocasiões, Moro “prevaricou” ao fazer as revelações apenas “agora que resolveu sair”.
O deputado petista Helder Salomão (ES) chamou Moro e Bolsonaro de “farinha do mesmo saco”, porque o ex-juiz teria “fechado os olhos para a corrupção da família do presidente”: “Moro interferiu nas eleições para favorecer Bolsonaro. Não adianta querer sair como herói”.