Deputados querem saída de Eduardo Bolsonaro da Comissão de Relações Exteriores
O parlamentar acusou, na noite de segunda-feira (24/11), nas redes sociais, a China de praticar espionagem cibernética
atualizado
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Após o embate entre o deputado federal Eduardo Bolsonaro e a China, deputados protocolaram nesta quinta-feira (26/11) requerimento pedindo ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que paute o “afastamento imediato” do filho de Jair Bolsonaro (sem partido) da presidência da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Casa.
A proposta é assinada pelos deputados Perpétua Almeida (Presidente da Frente Parlamentar da Cooperação entre os Países do Brics), Fausto Pinato (da Frente Parlamentar Brasil-China) e Daniel Almeida (Presidente do Grupo Parlamentar de Amizade Brasil/China).
A deputada Perpétua Almeida disse que uma instituição que se deve dar ao respeito não pode permitir que os membros achincalhem outros países prejudicando históricas relações.
“Inacreditável que o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, fique calado, assistindo o filho insultar a China, maior parceiro comercial do Brasil. Eduardo presidiu a CREDN, mas não aprendeu nada sobre relações internacionais. Nações não têm amigos ou inimigos, elas têm interesses”, afirmou Perpétua.
O movimento tem a adesão de outros parlamentares. O vice-presidente nacional do Cidadania, deputado Rubens Bueno (PR), destacou que “Eduardo Bolsonaro vive cometendo desatinos e envergonhando o Parlamento”
“Não tem cabimento uma postura desse tipo do presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara. A necessidade é urgente de destituí-lo da presidência”, escreveu.
Numa consulta à página do colegiado, consta que não há presidente, vice-presidentes nem membros, mas a comissão continua divulgando atos e opiniões de Eduardo Bolsonaro como presidente. Ele foi eleito para comandar o colegiado em 2019, mas as comissões não foram instaladas neste ano por causa da Covid-19.
Ataque à China
Eduardo Bolsonaro acusou, na noite de segunda-feira (24/11), nas redes sociais, a China de praticar espionagem cibernética e defendeu a iniciativa dos Estados Unidos de criar uma aliança internacional que discrimina a tecnologia 5G de Pequim. Depois, o deputado apagou o post.
No dia seguinte, a Embaixada da China em Brasília reagiu à acusação e avisou que se as autoridades brasileiras não ajustarem a retórica “vão arcar com as consequências negativas”. O Itamaraty tomou as dores do filho do presidente e disse que a nota da Embaixada chinesa tinha “tom ofensivo”.
Esta não é a primeira vez que Eduardo Bolsonaro ou membros do governo brasileiro atacam a China nas redes sociais. O deputado já havia se referido ao Sars-Cov2, vírus causador da Covid-19, como “vírus chinês”.