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Deputados gastaram R$ 41 mi em autopromoção. Veja ranking de 2019

As despesas milionárias contemplam a produção de folhetos, vídeos, reportagens e propagandas em veículos e até eventos nas bases eleitorais

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1 de 1 abertura sessão Câmara dos Deputados - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Os deputados federais gastaram no primeiro ano de mandato R$ 41.186.700,37 de recursos públicos com divulgações das atividades legislativas. O montante equivale a 23,71% do valor utilizado das cotas parlamentares, que chegaram a R$ 173.709.230,80 em 2019. A quantia foi inferior a 2015, durante o mesmo período da legislatura passada, com R$ 46.550.737,60. Em comparação com o total, contudo, os gastos de quatro anos atrás são proporcionalmente menores – equivalem a 23,13% do importe de R$ 201.296.087,30 com as cotas, na época.

Os números utilizados como base para a reportagem são do dia 29 de janeiro e fazem parte de uma tabela dinâmica publicada no portal da Câmara dos Deputados, na qual esboça os gastos comprovados pelos parlamentares. Entretanto, o montante pode variar diariamente, uma vez que os congressistas têm até três meses para apresentar as notas de seus gastos.

Segundo levantamento feito pelo Metrópoles, em 2019, Soraya Manato (PSL-ES) foi a deputada que mais despendeu recursos em propaganda própria. Ela usou R$ 99.766 de dinheiro público para bancar publicidade em sites, jornais e rádio.Só em setembro, a parlamentar do Espírito Santo utilizou R$ 54.748 em divulgação.

À época, Soraya mandou imprimir 60 mil informativos relativos ao mandato, que custaram R$ 48.750. Há ainda notas, publicadas no portal da Transparência da Casa, que mostram R$ 2 mil em propagandas de rádio, além de contratos para produção de matérias sobre a atuação dela na Câmara dos Deputados.

O segundo parlamentar mais gastador foi Helder Salomão (PT-ES). O petista empregou R$ 99.490 para publicar propagandas próprias. Em um mês, o deputado destinou R$ 6 mil a uma empresa para fazer manutenção de site, customização das redes sociais, criação de cartazes e redação de postagens na internet.

O contrato é legal, apesar de o congressista ter cota ampla de contratação de assessores de imprensa e de comunicação, equipe que poderia cuidar de suas páginas virtuais, avalia Marcelo Vitorino, professor de marketing político na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).

Redes sociais
Antes do “boom” dos meios digitais, parlamentares tinham apenas assessores, que enviavam material para jornalistas. Como a demanda é alta por redes sociais, monitoramento e repercussão de postagens, o cenário mudou.

“Hoje, como os canais digitais são de comunicação e interação com os eleitores, alguns assessores não conseguem fazer tudo. Precisariam fazer foto, vídeo, responder comentário, alimentar páginas pessoais. Por isso, é muito comum encontrar assessores enviando fotos e vídeos para empresas terceirizadas”, explicou Vitorino.

A terceira posição entre os 513 deputados é ocupada por Padre João (PT-MG), que gastou R$ 99.253,92. Em dezembro, o político mineiro chegou a destinar R$ 28.400 de uma vez só para a confecção de 170 mil panfletos. Em abril, o petista imprimiu 150 mil folders, no valor de R$ 12.280. Mas o tema, na ocasião, foi para promover a reforma da Previdência.

Em quarto e quinto lugares encontram-se, respectivamente, Angela Amin (PP-SC), com R$ 98.989, e Emanuel Pinheiro Neto (PTB-MT), que gastou R$ 98.980.

Legislatura anterior
Em 2015, durante o primeiro mandato da 55ª legislatura, quem gastou mais em autopromoção foi a deputada Luciana Santos (PCdoB-PE), com R$ 99.749. Ela chegou a pagar R$ 25.500 para um outdoor sobre o mandato e R$ 10.560 para a locação de cadeira, telão e som para um evento em sua base eleitoral, em seu escritório de apoio.

Atrás de Luciana ficaram os deputados Simone Morgado (MDB-PA), com R$ 99.200; Rosangela Gomes (PRB-RJ), R$ 99.092; Remídio Monai (PR-RR), que gastou R$ 99.036; e Ezequiel Fonseca (PP-MT), na quinta posição, com R$ 98.802.

Eleições 2020
Vitorino explica que, apesar de este ano ter eleições municipais, o custo de divulgação de mandato deve ser significativamente inferior ao de 2019. “Isso deve ocorrer por dois motivos: primeiro, porque eles não podem fazer impulsionamento nas redes sociais no pré-período eleitoral, mesmo não sendo candidatos – o TSE [Tribunal Superior Eleitoral] já decidiu que não poderia ocorrer durante a campanha ao pleito; segundo, devido à falta de conhecimento acerca das normas para as eleições, porque parlamentares temem ser punidos se eventualmente fizerem alguma menção da corrida às prefeituras. É uma decisão confusa”, avalia o especialista.

A pré-campanha é o período que antecede as eleições. É um momento no qual os candidatos devem intensificar as propagandas, uma vez que o rito das urnas dura apenas 45 dias. O postulante pode fazer publicações nas redes sociais normalmente – e inclusive promovê-las – mas nelas não devem ter propagandas políticas ou pedido de votos. O conteúdo pode abranger projetos e plano de gestão, contudo.

Veja o ranking dos 10 deputados que mais gastaram:

  • Soraya Manato (PSL-ES) – R$ 99.766
  • Helder Salomão (PT-ES) – R$ 99.490
  • Padre João (PT-MG) – R$ 99.253,92
  • Angela Amin (PP-SC) – R$ 98.989
  • Emanuel Pinheiro Neto (PTB-MT) – R$ 98.980
  • Professor Alcides (PP-GO) – R$ 98.880
  • José Mário Schreiner (DEM-GO) – R$ 98.200
  • Genecias Noronha (Solidariedade-CE) – R$ 98.000
  • Edio Lopes (PL-RR) – R$ 96.200
  • Alexandre Frota (PSDB-SP) – R$ 95.930

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